ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA
DISCUTIR O PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA EM PORTO ALEGRE – QUARTA SESSÃO
LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM 27-11-2008.
Aos vinte e sete dias do mês de novembro do ano de
dois mil e oito, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho,
a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezenove horas e quatro minutos, o
Vereador Aldacir Oliboni assumiu a presidência e declarou abertos os trabalhos
da presente Audiência Pública, a qual teve como Mestre de Cerimônia o Senhor José Luís Espíndola
Lopes, destinada a promover a discussão e
buscar soluções para o Programa de Saúde da Família em Porto Alegre e a
contratação de Agentes Comunitários da Saúde pela Prefeitura Municipal,
conforme requerido pelo Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde do Rio Grande
do Sul, nos termos do Edital publicado no Diário Oficial de Porto Alegre do dia seis
de novembro do corrente (Processo nº 5611/08). Ainda, durante os trabalhos,
estiveram presentes os Vereadores Sebastião Melo, Carlos Comassetto, Sofia Cavedon,
Carlos Todeschini e Marcelo Danéris. Compuseram a Mesa: o Vereador Aldacir
Oliboni, 3º Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre, presidindo os trabalhos;
a Senhora Cirlete Prusch, Diretora Financeira do Sindicato dos Agentes
Comunitários de Saúde do Rio Grande do Sul; o Senhor James Martins,
Coordenador-Geral da Secretaria Municipal da Saúde; a Senhora Letícia Stronge
Pires, representando a Secretaria Municipal de Administração; a Senhora
Clarissa Bohrer, Procuradora do Município de Porto Alegre; e o Senhor Marco
Bernardes, Coordenador Jurídico da Secretaria Municipal da Saúde. Ainda, durante a presente Audiência Pública, foi registrada
a presença, neste Plenário, do Senhor Oneron Moraes, Assessor do Senhor Prefeito
Municipal José Fogaça. A seguir, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca das normas
a serem observadas durante os trabalhos da presente Audiência Pública,
informando que, após o pronunciamento da Senhora Cirlete Prusch, do Senhor
James Martins e da Senhora Clarissa Bohrer, seria concedida a palavra para manifestações
de representantes da comunidade e de Vereadores inscritos. Em continuidade, foram iniciados os debates
relativos ao Programa de Saúde da Família em Porto Alegre e a contratação de
Agentes Comunitários da Saúde pela Prefeitura Municipal, tendo o
Senhor Presidente concedido a palavra à Senhora Cirlete Prusch, ao Senhor James Martins e à
Senhora Clarissa Bohrer. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos inscritos,
que se pronunciaram na seguinte ordem: o Vereador Marcelo Danéris; a Senhora
Eliane de Miranda Paim, representando a comunidade do “Pitoresca”; a Senhora
Maria Torii; a Senhora Valdívia Lucas, Agente de Saúde do Programa de Saúde da
Família da Tijuca; a Senhora Jane Brochado, Conselheira do bairro Partenon; a
Senhora Bianca Nascimento, do Programa de Saúde da Família Jardim Protásio
Alves; a Senhora Maria José Nascimento, do Programa de Saúde da Família Passo
das Pedras II; o Senhor Deoclides Sérgio Copetti, do Programa de Saúde da
Família Rincão; o Vereador Sebastião Melo; a Senhora Janete Mariano de
Oliveira, do Programa de Saúde da Família Castelo; a Senhora Rejane Haidrich,
do Programa de Saúde da Família Jardim Leopoldina; a Senhora Maria Eronita
Paixão, do Programa de Saúde da Família Ponta Grossa; o Vereador Marcelo
Danéris; a Senhora Andréia Alves; o Vereador Carlos Comassetto; o Senhor Luiz
Eduardo Ribeiro, do Programa de Saúde da Família Osmar Freitas; a Vereadora
Sofia Cavedon; o Senhor Antonio Losada, representando o Conselho Municipal de
Saúde; e a Senhora Cirlete Prusch. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra, para encaminhamentos sobre os
debates realizados durante a presente Audiência Pública, ao Vereador Carlos
Todeschini e à Vereadora Sofia Cavedon. A seguir, o Senhor Presidente concedeu
a palavra, para as considerações finais acerca do tema em questão, aos Senhores
Marco Bernardes e James Martins. Na ocasião, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos
sobre a tramitação do Projeto de Lei do Executivo nº 018/08, que dispõe sobre a
criação e organização, no âmbito do Município de Porto Alegre, do Departamento
do Programa de Saúde da Família – DPSF –, tendo-se manifestado a respeito a
Vereadora Sofia Cavedon. Às vinte e
uma horas e vinte e nove minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor
Presidente declarou encerrados os trabalhos da presente Audiência Pública. Os
trabalhos foram presididos pelos Vereadores Sebastião Melo e Aldacir José
Oliboni e secretariados pelo Vereador Carlos Todeschini, como Secretário
"ad hoc". Do que eu, Carlos Todeschini, Secretário "ad
hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata, que será assinada pelo
Senhor 1º Secretário e pelo Senhor Presidente.
O SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS (José Luis
Espíndola Lopes): Senhoras
e senhores, boa-noite. Neste momento, damos início à Audiência Pública
solicitada pelo Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde do Rio Grande do
Sul. Este encontro tem como objetivo discutir a contratação definitiva dos
agentes comunitários de saúde.
Convidamos para compor a Mesa: o Ver. Aldacir Oliboni,
Presidente desta Audiência Pública; a Srª Cirlete Prusch, Diretora Financeira
do Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde do Rio Grande do Sul; o Sr.
James Martins, Coordenador-Geral da Secretaria Municipal de Saúde de Porto
Alegre; e a Srª Letícia Stronge Pires, representante da Secretaria Municipal de
Administração de Porto Alegre. Também se encontram presentes nesta Audiência o
Sr. Oneron Moraes, Assessor do Sr. Prefeito Municipal, e o Sr. Marco Bernardes,
Coordenador Jurídico da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre.
Com
a palavra, o Presidente desta Audiência, Ver. Aldacir Oliboni.
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Eu queria saudar aqui os nobres
profissionais da área da Saúde, bem como lhes dar as boas-vindas; saúdo a
Cirlete, todos os agentes comunitários e os demais profissionais.
Vou
ler o Edital que deu origem à Audiência Pública do dia de hoje (Lê.):
“Audiência Pública com o objetivo de promover a discussão e buscar soluções para
o Programa de Saúde da Família em Porto Alegre e a contratação dos agentes
comunitários da Saúde pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre. O Presidente
da Câmara Municipal de Porto Alegre, no uso de suas atribuições legais,
comunica à comunidade porto-alegrense a realização de Audiência Pública, a
pedido do Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde do Rio Grande do Sul, no
dia 27 de novembro de 2008, às 19h, no Plenário Otávio Rocha, na Câmara
Municipal de Porto Alegre, situada na Av. Loureiro da Silva, nº 255, Centro,
com o objetivo de promover a discussão e buscar soluções para o Programa de
Saúde da Família em Porto Alegre e a contratação dos agentes comunitários da
Saúde pela Prefeitura do Município. Gabinete da presidência da Câmara
Municipal, 29 de outubro de 2008. Ver. Sebastião Melo, Presidente”.
Queria
comunicar ao Plenário que, enquanto ouvimos o representante do Sindicato, que
irá colocar todos os problemas e o objetivo desta Audiência Pública, e o
representante do Governo, o Sr. James - a Drª Clarice também está chegando -,
vamos abrir dez inscrições, com o Sr. Brasil, para ouvirmos as partes
interessadas, tanto do lado dos agentes como do lado do Governo. Além disso,
depois, vamos retornar a palavra aos agentes e à parte interessada do Governo,
na busca de soluções.
Vamos
fazer um pequeno relato do que está acontecendo. Antes de passar a palavra à
Cirlete, Diretora do Sindicato, eu faço questão de fazer algumas lembranças,
que podem servir como provocação ou podem servir como lembrança de tudo que
aconteceu durante este último ano.
O
Movimento dos Agentes Comunitários se deu em vista de uma enorme preocupação
que havia no Programa de Saúde da Família, pela mudança da empresa que
gerenciava esse serviço. Vocês estão lembrados de que, na época, nós tínhamos a
FAURGS; depois foi contratada uma empresa chamada Sollus, paulista, e, nessa
transição, surgiram inúmeros problemas. Dentre eles, na transferência desses
profissionais de uma empresa para outra, ou melhor, de uma fundação ou OSCIP
para outra, alguns trabalhadores não receberam um período “x” : alguns, 10
dias; outros, 20 dias; e outros, 30 dias. Além disso, muitos deles, ao
assinarem os contratos, mantinham os salários atrasados; mais do que isso: os
agentes vinham reclamando de que há quase dois anos seguidos - chegou a
completar dois anos -, não recebiam o prêmio que o Governo do Estado dizia ter
repassado ao Município, e este não teria repassado aos agentes. Uma grande
parte desses agentes receberam o prêmio; outros ainda não receberam.
Além
disso, temos algumas entidades, alguns hospitais conveniados com o Município -
que possui uma parceria com essas entidades - que possuem agentes comunitários
naqueles locais e pagam salários inferiores aos que a Sollus paga hoje.
Além
disso, através do Ministério Público, por várias Audiências concedidas lá e
também aqui nesta Casa, em comum acordo com o Governo, foi elaborado um TAC -
Termo de Ajustamento de Conduta -, para que o Governo encaminhasse a esta Casa
um Projeto de Lei, se não me engano até 31 de março do ano passado. O Governo
mandou para esta Casa no dia 28 de março do ano passado. E este Projeto de Lei
ainda está tramitando nesta Casa, Projeto este que só agora teve, no dia 12, um
Parecer da Comissão de Constituição e Justiça o legitimando, mas fazendo uma
contradição com todas as Emendas que nós apresentamos.
Naquela
época, nós tínhamos um entendimento de que o Projeto não era, de fato, o que o
Programa de Saúde da Família esperava. Portanto, apresentamos inúmeras Emendas.
Agora estamos contestando o Parecer dado pela CCJ. O Projeto virá ao Plenário -
não só o Projeto, como também todas as Emendas apresentadas, inclusive as
apresentadas por este Vereador.
Então,
nós temos dois grandes dilemas aqui nesta Casa, e esperamos a sinalização do
Governo. Um deles é a renovação do contrato, porque está encerrando, agora, no
final do ano; outro é a votação do Projeto de Lei, garantindo grande parte das
Emendas apresentadas. Nós, como Câmara de Vereadores, vamos procurar fazer a
intermediação...
Registro a presença do nobre Ver. Marcelo Danéris,
acompanhando esta Audiência Pública.
Nós, como Câmara de Vereadores, vamos fazer o
possível para que todos saiam satisfeitos deste processo, porque, até então,
existe uma enorme insatisfação, seja do lado dos trabalhadores, seja,
inclusive, do lado de muitos Parlamentares desta Casa que já se comprometeram
com esta causa e que ainda não recebem, definitivamente, uma posição do Governo
Municipal para saber o que vai acontecer.
Nós ouvimos recentemente, na campanha, promessas,
vamos dizer assim, perfeitas, não é mesmo? Parecia que tudo, no dia 1º de
janeiro, ia ser resolvido. Mas nós estamos apreensivos, como Vereadores, porque
até agora não veio nenhum indicativo e nenhum Pedido de Urgência urgentíssima,
para votar o Projeto ou para fazer renovação. Existem muitos boatos nas
Unidades de Saúde, e vocês são testemunhas disso.
Por essas e muitas outras razões, queremos ouvir
aqui, então, a Diretora do Sindicato, a Cirlete, para, depois, ouvir o Governo
Municipal; depois, abriremos para as intervenções. Espero que Deus nos ajude a
sair com uma solução para este imbróglio que há muito tempo continua.
Esperamos que esta Audiência seja produtiva.
Boas-vindas a vocês!
A Srª Cirlete Prusch, Diretora Financeira do Sindicato
dos Agentes Comunitários de Saúde do Rio Grande do Sul, está com a palavra.
A SRA. CIRLETE PRUSCH: Boa-noite a
todos; boa-noite aos componentes da Mesa; ao representante do Sr. Secretário, o
Dr. James; ao Ver. Oliboni; ao representante da SMA e aos colegas.
A nossa história todos conhecemos, mas a gente tem
sempre que lembrar. Eu vou-me tornar um pouco repetitiva, até pelo que o
Oliboni já relatou, mas acho que a gente tem que começar a relembrar, sim,
porque é uma trajetória muito exaustiva.
Todos já sabem que, há mais de um ano, mais
precisamente no dia 28 de agosto de 2007, para a nossa surpresa, a gente
recebeu, nas nossas unidades, os nossos avisos prévios, que estávamos sendo
demitidos da Fundação de Apoio à UFRGS. Desde então, a luta tem sido árdua, cansativa, e, a cada dia que passa, a
insegurança aumenta entre nós.
Uma
contratação que poderia ter sido sem problemas se tornou, na verdade, um
pesadelo para todos nós. Para quem não sabe do que estamos falando, quando
fomos demitidos da FAURGS, fomos admitidos com contrato temporário de quatro
meses pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Após isso, nosso contrato foi
renovado por mais um ano até agora; o término desse contrato é em 31 de
dezembro de 2008. A partir disso, começamos uma luta árdua, porque teria que
vir um Projeto de Lei à Câmara de Vereadores, e, assim que esse Projeto tivesse
sido aprovado, conforme a Lei nº 11.350, a qual já debatemos bastante, todo
agente comunitário que tivesse sido contratado antes de fevereiro de 2006 teria
que ser contratado via órgão público. Após muitos debates, reuniões com o
Governo, aqui nesta Casa, com os Vereadores, em 31 de março de 2008, chegou
esse Projeto a esta Casa, tempo limite dado como um termo de ajuste de conduta
pelo Ministério Público. Aí pensamos que o pior já tivesse passado, mas não; na
verdade, reiniciaram-se novas reuniões, novos encontros, novos debates, e
exaustivamente estávamos sempre colocando a nossa opinião. O Projeto veio com
coisas que não poderiam passar de jeito nenhum, aquela coisa toda.
Agora,
passados oito meses, quase nascendo essa criança, quase nove meses, para nossa
surpresa – ou para minha surpresa, já que estou mais em contato aqui nesta Casa
–, o Projeto tinha passado por apenas uma Comissão, na qual ainda não foram
aceitas as Emendas sobre as quais já tínhamos conversado exaustivamente dentro
desse Projeto. Na campanha eleitoral - não é, James? -, vimos todos os
candidatos muito em cima do problema dos PSFs, do aumento de equipes. E aí eu
me pergunto: como aumentar o puxadinho, se a casa ainda não tem estrutura?
Então, a gente fica se perguntando isto: como vamos ter 200 equipes, se noventa
e poucas ainda não estão regularizadas?
Hoje
nós, agentes, temos apenas um mês e alguns dias de contrato com a Prefeitura de
Porto Alegre, e ninguém nos diz o que vai acontecer em 31 de dezembro de 2008,
quando termina esse contrato. Pior ainda: o Projeto está aqui sem ser aprovado.
Assim,
começa, agora, um jogo de empurra-empurra. Já não bastasse todo esse processo
que temos passado, em julho de 2008, abriu-se um processo seletivo para
contratação de mais agentes comunitários de saúde, que, a nosso ver, foi
ilegal, porque ainda existem, em Porto Alegre, agentes comunitários de saúde
desempregados, que voltaram de licença-saúde e hoje continuam desempregados.
Outros agentes sendo contratados, como o Ver. Aldacir Oliboni colocou, por
empresas privadas, também indo contra a Emenda n° 51, pois foram contratados
com salários menores, não têm os mesmos direitos, não receberam incentivo
financeiro do Estado ainda. Agentes sem receber os seus direitos, como já foi
colocado também; e esses dias - que a gente tem exaustivamente buscado de que
maneira a gente vai ser remunerada.
Nós,
agentes, para relembrar, não podemos fazer nenhum tipo de financiamento, mesmo
eu trabalhando, como muitos aqui, há 12 anos em PSF. Porque lá no meu
contracheque diz: “contrato por tempo determinado”. Eu não posso nem comprar
uma geladeira. Quando eu digo “eu”, refiro-me a nós, agentes comunitários. E são
muitas outras humilhações que nos têm abalado emocionalmente, que nos têm
desmotivado ao trabalho que prezamos tanto, porque, quando aceitamos e fomos
fazer um processo seletivo de Agente Comunitário, a gente vestiu a camiseta. A
gente é uma comunidade, a gente trabalha para a comunidade, a gente vive nessa
comunidade, e é um trabalho de coração também, mas a gente precisa ter as
coisas também de acordo com aquilo que a Lei nos permite. Por todos esses
motivos – e, se eu tivesse a noite inteira disponível, a gente iria aqui
relatando – é que pedimos esta Audiência há algum tempo, para sermos ouvidos
pelos Senhores Vereadores e pelos Secretários, representantes dos Secretários,
para que tomem as devidas providências para essa contratação; para que, em 2009,
não passemos por tudo isso novamente.
Gostaria
que todos aqui refletissem sobre o Natal que nós, os agentes comunitários de
Saúde, vamos ter, sem saber o que pode acontecer em 31 de dezembro de 2008. Não
sabemos; sabemos que não sabemos. (Palmas.)
Na
verdade, o que queremos é que sejam cumpridas as leis, nada mais do que isso, e
que nos tratem com dignidade, nos dando apenas o que nos é negado por direito.
Muito obrigada.
O
SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Queria
registrar que, além da Presidenta do nosso Sindicato dos Agentes Comunitários,
a Cirlete, também fazem parte da Mesa o Dr. James, que representa aqui a
Secretaria Municipal de Saúde; a Srª Letícia Stronge Pires, representante da
Secretaria Municipal de Administração; a Procuradora Clarissa Bohrer - que está
pedindo desculpas pelo atraso -, e também o Dr. Marco Bernardes, que é
Coordenador Jurídico da Secretaria. Portanto, eu coloco a palavra à disposição
do Governo Municipal; são 20 minutos, que podem ser divididos entre duas ou
três pessoas, fica à disposição. O Dr. James Martins está com a palavra.
O
SR. JAMES MARTINS: Boa-noite,
Presidente Oliboni; boa-noite aos colegas da Prefeitura, à Presidenta do
Sindicato; boa-noite aos senhores e senhoras presentes, Vereadores. Nós, enquanto
Governo Municipal, gostaríamos de falar inicialmente sobre o processo que
tivemos de passagem, sobre toda essa passagem, a FAURGS, Sollus. Evidentemente
que, com relação à questão da demissão de todos os profissionais, tivemos nós,
o Poder Público Municipal, de tomar uma providência. Evidentemente que todos
sabem - foi notícia em todos os jornais, em todos os lugares - que esse
processo, com todos os problemas que ele carregou durante essa transição, para
felicidade nossa, passou por todos os lugares imagináveis de fiscalização,
avaliação; enfim, sabemos que foi bastante dramático tudo isso, mas tivemos um
final, não aquele desejado, mas um final em que as pessoas conseguiram manter a
sua atuação dentro do Programa.
O Instituto que foi contratado, essa OSCIP, honrou
com todas suas responsabilidades; o Programa hoje está funcionando melhor do
que antes, até porque temos todos os dados estatísticos comprovando isso, são
inúmeros, não podemos contestar a matemática.
Enfim, imagino que toda essa situação vá ser
resolvida, embora ainda seja desconfortável, porque estamos vivendo aí uma
questão de contrato temporário, com prazo para terminar. Mas o Poder Público em
nenhum momento vai deixar o Programa Saúde da Família sem agentes comunitários,
em primeiro lugar; é óbvio que isso não vai acontecer!
Tivemos uma reunião com o Prefeito, em função até
da tramitação desse processo na Casa, e ainda não temos uma definição sobre
como vai funcionar todo esse novo organismo, mas temos certeza de que, em
nenhum momento, a Prefeitura vai deixar o Programa Saúde da Família sem
agentes. É óbvio que isso não vai acontecer, e provavelmente será renovado esse
contrato em breve. A Secretaria deve estar mandando, e, quanto à definição,
enquanto a Câmara está avaliando o Projeto que foi encaminhado, vamos ter que,
nesse tempo, não deixar vencer o contrato, e, ao mesmo tempo, a Câmara terá de
fazer um esforço, Presidente Oliboni - não sei bem com vai ser isso - para a
conclusão do processo.
Assim, durante a nossa Audiência, podemos ir
respondendo algumas coisas. Eu gostaria de pedir à Procuradora Clarissa Bohrer
que se manifestasse tecnicamente, até porque ela está apropriada dessas
questões legais de Câmara, envio de Projeto, e nós continuarmos dialogando e
tentando esclarecer para vocês o que for possível.
A SRA. CLARISSA BOHRER: Boa-noite,
desculpem-me pelo atraso. Na qualidade de Procuradora do Município, vou-me
sentir mais à vontade me colocando à disposição para responder a qualquer
pergunta que vocês tiverem do ponto de vista jurídico.
Estou entendendo que a maioria dos presentes é de
agentes comunitários de Saúde que devem estar bastante preocupados com o
vencimento dos contratos agora em dezembro. Esta é uma matéria para a gente
estudar, esta medida pode ser prorrogada se houver um permissivo legal
para isso. Vocês foram contratados com base na Lei nº 7.770, de 1996, que é a
Lei de Contratação de Serviços Temporários. Isso depende de um pedido, pode ser
inclusive um pedido dos senhores, que estão legitimados pelos seus sindicatos,
ou um pedido da própria Secretaria, que vai ser analisado pela Procuradoria do
Município. Tem toda a possibilidade legal de fazer isso tramitar, e isso vence,
agora, no final de dezembro. Então, nós precisamos desse permissivo legal para
fazer as prorrogações.
Eu me coloco à disposição de vocês para caso vocês
tenham alguma dúvida do ponto de vista jurídico. Eu já tive a oportunidade,
várias vezes, de fazer manifestações sobre os andamentos do PSF, e eu acho que
todo mundo já está bem assenhoreado desse assunto. Então, vou-me permitir
somente me colocar à disposição para responder a perguntas. Obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Eu só queria
ajudar um pouco a Procuradora Clarissa, que eu entendi que a Presidência do
Sindicato colocou, claramente, sobre a preocupação da renovação do contrato ou
da tramitação do Projeto e a votação dele. Qual é a posição do Governo? O Dr.
James colocou aqui: “Não, não se preocupem, que vai ser renovado, e tal”.
A Câmara quer uma definição. Nós estamos aqui para
uma Audiência Pública de definição. Nós estamos aqui há quase 30 dias, e
queremos saber o seguinte: o Governo quer aprovar, quer tramitar o Projeto? É
só o Governo pedir urgência urgentíssima. E não é um agente, um Vereador que
pede isso; quem pede isso é o Governo, é o Líder do Governo. Então, o Governo
tem que dizer para nós se
quer aprovar o Projeto.
Bom,
aí os agentes vão solicitar, com certeza, uma reunião com o Governo para fazer
a negociação das Emendas, porque o Projeto, como está, segundo o que eu ouvi, é
muito discriminatório, eu diria até, porque ele determina a idade das pessoas
para entrar no Programa. Então tem muitas coisas que obviamente são
inconstitucionais e têm que melhorar.
A
Mensagem Retificativa que deveria ter vindo para esta Casa, para o Projeto, não
veio. Então, há coisas que podem ser ajustadas, e há tempo ainda, pessoal. Nós
estamos nos últimos 20 dias, e ainda há tempo. Então, se o Governo achar que
precisa de algum tempo agora para conversar, para ligar lá para o Governo, para
discutir, nós vamos aguardar aqui. Mas nós não vamos sair daqui sem uma
definição. Nós queremos saber exatamente. (Palmas.)
Conversava,
há poucos dias aqui, com o Líder do Governo - e estou procurando dar
esclarecimentos, apenas -, Professor Garcia, Vereador desta Casa, e ele me
dizia que não havia nenhuma oposição do Governo Municipal. Eu tentei, a semana
toda, Dr. James, falar com o Clóvis Magalhães, porque ele me disse que me
retornaria, e não o fez; liguei, agora à tarde, e ele não atendeu ao telefone.
Ou nós estamos aqui para resolver e fiscalizar os serviços da Cidade, ou não é
mais preciso fazer essas Audiências Públicas.
Então,
eu quero aqui, numa intermediação, a pedido do Presidente desta Casa, encontrar
uma solução, e a solução, para mim, é dizer qual é o caminho que eles vão
tomar; é o Projeto de Lei, ou é a renovação do contrato? Para qualquer das duas
alternativas, haverá os desdobramentos necessários. Inclusive, na
segunda-feira, faremos reuniões com o Governo, no intuito de agilizar ou o
Projeto ou o contrato. Eu devolvo a palavra à Procuradora Clarissa. (Palmas.)
A
SRA. CLARISSA BOHRER: Vereador,
eu respondo tecnicamente pelo Jurídico do Município; não tenho condições de
responder à sua pergunta. Eu sou Procuradora do Município...
(Manifestações
das galerias.)
O
SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Pessoal,
agora abriremos espaço para dez intervenções; solicito que se inscrevam.
Passarei a palavra aos Vereadores presentes.
O
Ver. Marcelo Danéris está com a palavra.
O SR. MARCELOS DANÉRIS: Ver. Aldacir Oliboni,
presidindo a Audiência Pública; Cirlete, representando o Sindicato; o James,
representando a Prefeitura; Letícia e Marco Bernardes; Srs. Vereadores; todos
os agentes comunitários; lideranças da área da Saúde e todos trabalhadores da
área da Saúde que estão aqui hoje. Há algum tempo, esteve aqui, na Câmara de
Vereadores, o então Secretário de Governança Solidária, Sr. Cézar Busatto, que
fez um apelo à Câmara, quando caiu o contrato da FAURGS, que seria resolvido
imediatamente, que era prioridade, mas que a Câmara de Vereadores, assim como
os agentes comunitários de Saúde, todos trabalhadores na área da Saúde tinham
que compreender que seria necessário um tempo para organizar, para isso, para
aquilo.
Junto a isso tinha ainda um processo do Ministério
Público, o Termo de Ajuste e Conduta - o TAC -, e assim por diante. Tudo estava
em andamento. Junto com o Secretário Cézar Busatto, estava aqui o Secretário
Municipal da Saúde, que fez o mesmo apelo. Na época, os agentes comunitários de
Saúde, corretamente, não gostaram muito de um apelo que não tinha concretude. A
Câmara de Vereadores ouviu - não cabia a ela aceitar ou não o apelo; ele fazia
aos agentes.
De lá para cá, a situação precária dos agentes
comunitários de Saúde se agravou, tornou-se insustentável. O mais grave é que
agora falta pouco mais de 30 dias. Mas o mais grave, como disse a Cirlete, é
que tem o Natal. E aí? Como é que essas pessoas, essas famílias, esses agentes
comunitários de Saúde, que se dedicam a cuidar de outras famílias de Porto Alegre,
vivem com sua própria família de forma tão precária? O Governo tem que ter uma
resposta concreta do que vai ser feito. (Palmas.)
Eu quero trabalhar isso com muita seriedade, com
muita responsabilidade, mas com a consciência de que não é possível ficar de
forma tão precária e o Governo estar aqui hoje dizendo: “Estamos aqui para
responder algumas dúvidas. Se quiserem, dá para renovar”. Mas os agentes
comunitários de Saúde não podem ficar dessa forma precária ad aeternum;
eles têm que ter uma proposta.
Na CCJ - a Comissão de Constituição e Justiça -, há
um projeto criando celetistas, porque eu sei que a grande maioria dos agentes é
contrária a esse projeto. Então, aqui o Governo apresentou – é isso que eu
quero entender –, por que
tem uma proposta na Câmara falando de celetistas e também não é apresentada
aqui, de forma mais clara, para os agentes comunitários de Saúde entenderem?
Porque está, mas não tem Pedido de Urgência, e, seguindo a tramitação normal,
só será votado em abril do ano que vem. Por isso, o Vereador Aldacir Oliboni
fala com correção que tem que ser pedida a urgência para ser votada em
dezembro. Esta ou outra proposta, mas ouvindo os agentes comunitários de Saúde,
ouvindo o Governo, ouvindo os usuários - é importante ouvir a população de
Porto Alegre -, ouvindo a Câmara de Vereadores, mas com uma proposta concreta,
para sair dessa situação precária jurídica e profissional, para ter uma
alternativa para o futuro com essas propostas que estão colocadas para a
Câmara.
O
que eu não entendo é que a Procuradora falou que não tem uma proposta clara,
mas eu acabei de votar, na CCJ, uma proposta de celetistas. Se isso é uma
proposta, tem que ser explicada para os agentes comunitários de Saúde que
proposta é essa, quais são as conseqüências de futuro, de estabilidade de
emprego, e assim por diante. Eu acho que essa é a urgência. E nós, da Câmara de
Vereadores, temos a responsabilidade de ajudar os agentes comunitários de
Saúde, ajudar o Governo, mas, principalmente, ajudar a população para termos um
serviço estável, com gente trabalhando e recebendo de forma digna, e esse
problema solucionado antes do dia 31 de dezembro. Obrigado. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): A
Mesa esclarece que temos aqui um grande número de cidadãos e cidadãs que moram
próximo ao PSF da Pitoresca, ali na Grande Partenon, São José. Estão aqui à
direita do plenário. (Palmas.) Podem verificar que são pessoas de uma certa
idade, estão acompanhando, porque estão preocupadíssimas com o que aconteceu
recentemente lá: um assalto, não só aos trabalhadores, mas também aos pacientes
que estavam ali. Portanto, a Mesa vai abrir uma intervenção, merecida. A Eliane
está ali, já se inscreveu, vamos garantir depois a palavra para ela, para que
relate a situação, que também envolve agentes comunitários lá.
Então,
é importante que se diga, nobre Dr. James, que o objetivo da comunidade se move
em função de sérios problemas que estão acontecendo lá, e que está preocupada.
Para
depois, podemos sugerir algumas reuniões entre o Governo e a Comissão de Saúde
desta Casa, não só para fazer uma visita ao local, mas que o Governo busque
alternativas de segurança para aquela população. Portanto, vamos iniciar.
O Dr. James está com a palavra.
O SR. JAMES MARTINS: Obrigado,
Presidente. Em cima da palavra do Ver. Danéris, eu acho, Ver. Oliboni, que é
nesta Casa, é exatamente aqui que vamos discutir o Projeto. Então eu acho que a
Câmara vai oferecer emendas, modificações, sugerir, retirar, acrescentar,
enfim, dentro do Projeto. Aqui é o local da discussão deste Projeto. O que nós
temos que fazer – é o entendimento que tenho, Vereador – é, durante esse
processo, nós garantirmos os agentes trabalhando até o final. A hora que a
Câmara tiver decidido, votado o Projeto, vai funcionar dessa forma,...
(Manifestação fora do microfone. Inaudível.)
O SR. JAMES MARTINS: Não, eu acho
que o Projeto está tramitando na Casa. O que eu posso fazer é conversar com o
Governo, nós vamos levar essa questão de hoje aqui para o Governo, para o
Prefeito, para o Secretário Clóvis. Mas eu acho que está bem claro:
independente do Pedido de Urgência ou não, nós vamos garantir o funcionamento
do processo; agora, a hora que estiver decidido, a partir daí, passa a ser uma
outra fase dentro do processo. Eu só queria fazer esse esclarecimento.
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Eu vou abrir
as inscrições. A primeira inscrita é a Eliane, que fala pela comunidade do
Pitoresco.
A SRA. ELIANE PAIM: Boa-noite à
Mesa; boa-noite, companheiros, peço desculpas por estar roubando o tempinho de
vocês, mas eu não podia deixar de vir aqui falar, porque a Pitoresca também é
Sollus. E como vocês estão jogados, lá também estão. Faz quase um mês que a
Pitoresca foi assaltada à mão armada, onde o ladrão esteve, botando todos com a
cara no chão, invadindo a Sala de Ginecologia, onde estava sendo atendida uma
paciente prestes a dar à luz. Com o susto, a paciente teve de ser levada,
imediatamente, para o hospital para ganhar o neném. A doutora ficou sem os bens
dela, fora os trabalhadores, que ele limpou, e o pavor da doutora. Simplesmente
a doutora saiu, não está mais atendendo, a Pitoresca agora ficou sem médico
também.
Mas o que eu estou falando aqui é do descaso, a
falta de respeito com aquela comunidade, pois nós fizemos uma reunião, e foi
chamado tudo que foi sindicato, todos os representantes, e aí ficou o Sindicato
Médico de fazer um agendamento com o Prefeito e com o Secretário da Saúde, só
que isso não aconteceu. E sabe qual foi o retorno que ele nos deu? “Está muito
difícil, o Prefeito e o Secretário não têm tempo, não têm agenda”. Mas como?
Se, na hora das eleições, eles souberam falar bastante da Saúde! (Palmas.) Nós
estamos abandonados, lá no Partenon, porque foi lá que o nosso Prefeito teve
menos votos? Mas, não, nós estamos lá, ele tem quatro anos para governar, e nós
temos quatro anos para cobrar.
Então estou aqui. James, me desculpe, mas eu tinha
de fazer esse desabafo. E aqui está, até faço questão de passar às mãos do Ver.
Aldacir Oliboni as queixas dos assaltos e dos arrombamentos que houve lá. E não
só a Pitoresca está atirada, como o Murialdo, que vai vir gente falar sobre o
Murialdo. Obrigada. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Presidente
da Casa aqui recebe e, ao mesmo tempo, passa para o Dr. James, representante da
Secretaria da Saúde. Esperamos que essa comunidade, como a Casa, tenha retorno,
até porque, conforme a Eliane falou, está sem médico naquela Unidade de Saúde e
sem segurança, o que é fundamental para dar segurança aos trabalhadores e aos
pacientes que lá se fazem presentes.
Pois bem, vamos continuar, as inscrições estão
abertas.
A próxima inscrita é a Maria Torii.
A SRA. MARIA TORII: Boa-noite a
todos, eu sou usuária de postinho de saúde, como muita gente. Eu estou apoiando
vocês, agentes comunitários, porque, sem vocês, nós também não temos saúde.
Então é compreensível a luta de vocês, porque a insegurança de vocês traz a
nossa insegurança, pela falta de atendimento. Eu falo também pelo Murialdo, que
continua abandonado, continua sempre largado às traças, às moscas.
Nós cansamos
de vir a esta tribuna solicitar uma providência, porque, como foi dito durante
a eleição, seria dado um jeito pela Prefeitura ao caso do Murialdo, que é
grave. Não é grave, é gravíssimo! E chega a ser ridículo muitas vezes.
Nós
estamos sempre presentes a várias reuniões, e sempre alguém fala sobre o
Murialdo. O Posto 2 continua abandonado e sem nenhuma previsão. Quando é que
vão arrumar isso? É uma população inteira carente, que mora no morro, que é
obrigada a descer até a Av. Bento Gonçalves. Quando falam que muitos faltam ao
posto de saúde, não conseguem descer, é que, muitas vezes, já desistiram, já
estão sem esperança de serem atendidos. Porque vai, e é um bate-volta, como a
gente fala, bate lá, e eles falam: “volta”, porque não tem atendimento. “São
quatro fichas por hoje”; “são seis fichas”. É duro para uma população
abandonada. E muita gente sabe que o Partenon é um local onde mais se necessita
esses cuidados, porque lá estão os maiores focos de tuberculose, Aids, e está
prevista a dengue agora para o verão.
Então
nós necessitamos, sim, de agentes de saúde funcionado, porque é uma grande
segurança para nós que essas pessoas estejam presentes, cuidando também da
nossa saúde, prevenindo. E prevenção não é uma coisa que se faz de uma hora
para outra, é um ato contínuo. Então estamos precisando, sim, de apoio da
população; queremos, sim, que a população tome consciência que é um trabalho
coletivo, que não é só o Posto 2 que é abandonado, é o Posto 3, é o Posto 4, é
o Posto 5 que continua com o trabalho “meia-boca”, de uma reforma que a gente
não sabe quando vai terminar. E, mesmo terminando, onde estarão os médicos que
hoje são residentes? Vão estar de férias? E doente também não tem férias. Então
nós também precisamos da continuidade a esse serviço básico. É preventivo, sim,
porque o serviço preventivo, na Saúde, não leva as pessoas às emergências.
(Palmas.) É necessário, sim, porque custa menos do que um hospital, porque um
doente de alta complexidade custa muito mais caro. Mas também vamos pensar que
um paciente bem atendido não vai para a emergência, não vai para altas
complexidades. Então nós precisamos de atenção na Saúde básica. Muito obrigada.
(Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni):
A Srª Valdívia Lucas, agente de saúde do PSF Tijuca, está com a palavra.
A
SRA. VALDÍVIA LUCAS:
Boa-noite à Mesa, boa-noite a todos; eu ouvi, há pouco, o James, da Secretaria,
dizer assim: “Garantimos os agentes de saúde trabalhando durante o processo,
para ver o que vamos fazer”. Nós estamos trabalhando há 15 meses já, esperando
esse processo, esperando que resolvam alguma coisa, e, até agora, nada. Está
terminando o nosso prazo. Faz 15 meses que nós estamos com esse contrato
temporário, esse contrato por tempo determinado, aguardando que esse processo
se resolva, e não aconteceu nada até agora. Esses são os agentes.
Outra
coisa: falando em renovação de contrato com agentes de saúde, nós não queremos
renovação de contrato, nós precisamos é da nossa efetivação.
(Manifestações
nas galerias.)
A
SRA. VALDÍVIA LUCAS:
Renovação de contrato se faz para pessoas que estão começando, para um trabalho
que está iniciando, e esse é um trabalho que já existe há mais de 12 anos em
Porto Alegre. São agentes que estão trabalhando há 12, há 8, há um ano dentro
do PSF. Renovar contrato? Não! Isso é um direito que nós temos, é lei que nós
sejamos efetivados. Nós somos celetistas, nós fizemos um processo de seleção.
Além
disso, tem a maneira como nós estamos sendo humilhados, a maneira como as
coisas são colocadas para nós. Nós somos contratados pela Prefeitura de Porto
Alegre – todos os Agentes de Porto Alegre –, só que nós não temos, dentro das
nossas unidades, para quem reivindicar alguma coisa. Por quê? Porque as todas
nossas coordenações são todas de uma empresa terceirizada. O que nós vamos
fazer? (Palmas.) As unidades normalmente são coordenadas pelos enfermeiros, e
eles vão fazer o quê? Vão se reportar às supervisoras deles, mas as oito
supervisoras dos PSFs de Porto Alegre pertencem à Sollus e, até chegar à SMA,
primeiro elas passarão na empresa, vão relatar o que está acontecendo, e quem
está cuidando? Sabe-se lá! Como está chegando, nós não sabemos, mesmo porque
estamos sendo monitorados, a gente sabe que continuam aquelas ameaças veladas,
aqueles assédios morais velados que a gente recebe, e a gente não tem para quem
se queixar; vamos nos queixar para quem? Para uma outra empresa? Ficar
aguardando? É o que estamos fazendo. Dia 31 está aí, a nossa insegurança
também. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Muito
obrigado, Valdívia.
A
Srª Jane Brochado está com a palavra.
A
SRA. JANE BROCHADO: Boa-noite
a todos e a todas, sou conselheira do Partenon. Na terça-feira, tivemos uma
reunião com o Dr. James, no COP, e lá eu questionei sobre a situação do
Partenon na área da Saúde. Está aqui o povo, já falaram antes de mim, é uma
situação que pode ser confirmada pelas pessoas que são do Partenon, como o
Oliboni, é uma situação bem precária, desastrosa, os assaltos que ocorrem não
são apenas no PSF Pitoresca, o Posto Ceres, a Unidade V do Murialdo também foi
assaltada recentemente, foi completamente depredada.
Então
a segurança também é um fator muito importante na área da Saúde, além da falta
de atendimento total e geral no Partenon. O Partenon é o único bairro em Porto
Alegre que é atendido ainda pelo Governo do Estado, por uma escola de saúde em
que os médicos residentes é que atendem à Saúde no nosso bairro.
Nós
queremos, exigimos, precisamos ser respeitados, ser tratados com dignidade. Tem
havido vários movimentos das pessoas que usam o serviço de saúde no Partenon,
das pessoas que trabalham nas unidades de saúde do Murialdo para que essa
situação seja revertida, para que isso seja esclarecido. Então, lá o Dr. James
me deu uma resposta de que estaria aqui nesta Casa, Oliboni, um projeto para
então resolver esse problema de Saúde, em que o Partenon seria também
contemplado. E eu me admirei quando cheguei aqui e vi muitas pessoas – é bacana
a gente ver a participação popular –, mas apenas um Vereador para defender isso
que a população tanto precisa.
Eu
esperava que estivessem mais Vereadores aqui, como estiveram vários Vereadores
aqui para defender o Pontal do Estaleiro! Estava cheia de Vereadores esta Casa!
(Palmas.) Que eles viessem aqui nos defender, da mesma forma que eles defendem
quem têm direito. Dignidade já! Muito obrigada.
O
SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Pois
é, a Jane falou uma coisa importante: cadê os Vereadores? Olhem, não foi por
falta de aviso, Dr. James e Cirlete, porque eu falei aqui nesta tribuna esta
semana por várias vezes. O Marcelo, que é Vereador também, não me deixa mentir.
Falei por várias vezes que haveria esta audiência Pública.
A
Srª Bianca Nascimento, do PSF Jardim Protásio Alves, está com a palavra.
A
SRA. BIANCA NASCIMENTO: Boa-noite,
colegas, boa-noite, Mesa. Sr. James, o senhor falou agora há pouco que a gente
não tem nem definição da renovação do contrato, e muito menos do nosso Projeto.
O que nós queremos é a solução do nosso Projeto, não é a renovação dos nossos
contratos. E o que nós vemos hoje é que o Governo nos trata com desrespeito.
Nós ficamos como? Sempre em agonia... Temos problemas no nosso sistema
emocional, que trabalhamos abalados, sob pressão, sem segurança...
A
gente nunca falta com as nossas obrigações dentro dos nossos postos de Saúde.
Enquanto isso, o Governo relata nos jornais, nas propagandas, que a Saúde está
ótima, que a Saúde está maravilhosa, ganhando os méritos às nossas custas.
(Palmas.) Eu sou usuária e funcionária do meu PSF. Também já fui presidente da
minha comunidade e sei o que é lutar, em vista das dificuldades por que passam
todas as nossas comunidades, todo o nosso povo. Nós temos várias dificuldades
dentro dos nossos Postos, dentro da nossa comunidade, dentro de toda a nossa
Cidade. Nós não estamos sendo reconhecidos como cidadãos brasileiros e como
seres humanos como nós merecemos. As nossas coordenadoras sempre nos pedem
relatórios, quase todas as semanas. Nesta semana, nós tivemos que ficar três
dias dentro do nosso Posto fazendo relatórios porque a Sollus pede (Palmas.) A
Sollus pede inúmeros, inúmeros relatórios, fazendo com que nós não
desempenhemos mais o nosso papel de agentes de saúde; nós estamos sendo
funcionários do IBGE! (Palmas.) Enquanto isso, além de nós, as nossas famílias
e os nossos usuários estão casa vez mais sentindo que nós, como funcionários,
não estamos mais conseguindo trabalhar dessa forma. Eu acho que o que está
faltando é respeito com a nossa pessoa como seres humanos. Está faltando
respeito, dignidade, e o que a gente quer, hoje, aqui, é uma solução. Nós não
queremos mais blá-blá-blá; nós queremos solução! (Palmas.)
Nós
estamos cansados, nós estamos esgotados, nós não conseguimos mais trabalhar
direito, e nós estamos sempre no meio de um “empurra-empurra com a barriga”
para o próximo Governo, e assim vai andando. Nós estamos cansados disso. Nós
queremos solução, ou seja, sair desta Casa, hoje, com a solução definitiva
sobre o nosso Projeto. Eu tenho uma coisa para dizer aqui: eu acho que está na
hora de nós termos vergonha na cara e tomarmos uma atitude bem diferente,
porque eu acho que é isso o que o nosso Governo está querendo! Se não for dada
uma solução hoje, eu acho que todos nós aqui vamos tomar outra atitude, e eu
acho que o Governo não quer que os postos acabem fechando, não é? Boa noite.
(Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): A Srª Maria José Nascimento Silva, do PSF
Passo das Pedras II, está com a palavra.
A SRA. MARIA JOSÉ NASCIMENTO SILVA: Boa-noite a todos; boa-noite, Dr. James.
Gostaria de dizer ao senhor o seguinte – é estranho até eu poder lhe dizer, que
eu não lhe conheço –, exigir, que é o que a gente tem direito, é o mínimo,
porque esse Projeto já está tramitando aqui... Nós não estamos iniciando ele
agora, nós já pedimos uma solução para ele anteriormente. Que vamos ser
renovados, nós todos sabemos, graças a Deus não somos burros, porque um PSF sem
agente não é PSF! (Palmas.) Nós sabemos que de alguma forma vocês vão ter que
nos manter, o todo. Podem até se desfazer de um ou outro, mas o agente é
necessário dentro do PSF.
Infelizmente
está ocorrendo um desvio, o PSF está virando só uma fachada, na realidade,
porque só querem números. Não somos somente nós que estamos insatisfeitos, nós
temos os nossos colegas médicos, que trocam, saem, porque na realidade não está
se cumprindo o programa. Não se tem mais chance de fazer programas, de fazer
grupos, porque são cobradas as visitas, mas nós viramos, também, auxiliares
administrativos. (Palmas.) Nós temos que digitar, nós somos recepcionistas...
Não
nos queixamos disso em momento nenhum, só que nós queremos respeito, porque nós
“suamos” a camiseta. E vocês não são sabedores do que nós estamos passando para
manter um PSF. “Vamos construir mais.” Mas construir como? Para que, se nós não
estamos ainda satisfeitos? Não tem uma segurança para os nossos médicos. O
médico, infelizmente, não consegue sair de dentro de um consultório atendendo,
porque ele tem que dar conta da comunidade. Teria que aumentar as equipes, na
realidade. Nós temos um médico para atender seis mil pessoas às vezes. Isso é
um absurdo. Dois técnicos, uma enfermeira, não tem segurança... Nós, lá, somos
felizes e agradecemos a Deus, porque a nossa comunidade, embora às vezes se
demonstre insatisfeita, é uma comunidade que nos acolhe e não passa para a
pancadaria. Porque muitas vezes algumas pessoas chegam lá e não há condições de
o médico atender porque é humanamente impossível, dentro daquele período, ele
atender mais gente. Não é só o médico, os técnicos, enfermeiros, e nós também.
Nós
não estamos mais conseguindo cumprir o que o programa pede, nós teríamos que
rever o que é o PSF, a que vem o PSF. Essa é uma das minhas queixas. (Palmas.)
E a gente gostaria, sim, que o senhor... Me perdoe, não o conheço, mas é o que
nos passam sempre... Se fazem que não nos conhecem, ou então que nós somos
bobos...
“Nós
vamos renovar o contrato.” Nós não queremos mais renovação de contrato! Nós
queremos agora é que se cumpra o tratado que veio desde o início. Aliás, foi em
setembro, foi em março, e agora nós estamos em dezembro, e novamente estão
falando em renovação de contrato. Eu trabalho num PSF há sete anos e no meu
contracheque aparece “estagiária”. O senhor sabe o que é isso? Se eu for a uma
loja comprar alguma coisa, eles dizem que eu não posso, porque sou uma
estagiária. Por favor! A Drª Clarissa, numa outra reunião em que já estive –
até nem vinha mais, mas achei que hoje iríamos ter uma resolução – disse: “eu
achei que isso já estava resolvido”. E novamente, de março para cá, ainda não foi
resolvido nada.
Acho
que seria isso que tenho para dizer. Os nossos funcionários estão trabalhando
doentes, nós também, porque a gente volta, vai, não se programa para nada, não
se tem certeza de nada, na realidade. Os outros colegas também saem, não têm
certeza do que vai acontecer com eles, surtam, porque o serviço está demais. Ao
invés de botar que está tudo maravilhoso, deveriam realmente investir no
funcionário que já têm. É isso que tenho para dizer a vocês. Nós queremos
solução! Solução! (Palmas.) E todos já estão falando até em greve.
O
SR. DEOCLIDES SÉRGIO COPETTI:
Boa-noite, participantes da Mesa, caros colegas. A primeira coisa que eu quero
dizer para vocês é que eu me sinto envergonhado de ser agente comunitário e me
sinto envergonhado de ser porto-alegrense. Faço algumas perguntas: quantas
pessoas trabalham na Saúde, e qual é o valor que têm? Quem é que vive sem
Saúde? Pois é!
Eu
pertenço ao PSF Rincão, que é uma parceria público-privada. Todo mundo já
recebeu o incentivo, e nós ainda não recebemos. Então, esse incentivo é o
seguinte, gente. Existe um erro de contrato que eles não sabem como repassar.
Eu pediria ao Departamento Jurídico, pois, quando foi feito o contrato, foram
feitas duas Atas, e existem cláusulas de que seria cumprido tudo o que a
Prefeitura repassaria para nós, na terceirização seria tudo igual, só que não
está acontecendo. Esse é o ponto principal. Então, seria rever o Contrato para
ajustar essa parte do repasse.
Com relação à questão da regularização, estou de
acordo com a gente pegar e legalizar isso aí. Esse negócio tem que ser votado
urgente, porque a vida da gente não pára, a vida da gente passa. Eu estou em
processo de aposentadoria, estou tendo defasagem de um salário e meio por mês.
Quem é que vai pagar isso para mim? O estagiário não conta com Previdência; na
hora de se aposentar, vocês vão sentir a falta.
Eu acho que vai ter que haver uma solução hoje, um
encaminhamento até o final do mês; a Cirlete vai coordenar, e vamos agilizar
isso. Vamos começar a partir para um outro lado, como falou a colega, de usar
os meios de comunicação. Está, gente? Muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni):
Queria
agradecer a toda a comunidade do PSF da Pitoresca, à Eliane aqui liderando, e à
Maria. Vou combinar depois com o Dr. James, que já assumiu o compromisso
comigo, de nós irmos à Unidade de Saúde com a Comissão de Saúde desta Casa e
com o Governo, a Secretaria de Saúde. É isso, Dr. James? (Pausa.) O. k..
Muito obrigado, a Casa está sempre à disposição dos senhores e das senhoras.
Nós temos, na verdade, mais três inscrições, das
dez que nós anunciamos inicialmente, mas, como a maioria não está usando o
tempo de cinco minutos, está usando dois ou três minutos, e há mais agentes
solicitando a palavra, após as três pessoas inscritas, eu vou devolver a
palavra ao Ver. Marcelo que está se inscrevendo e propondo um encaminhamento.
Depois, vou passar a palavra ao Governo Municipal, e depois voltaremos com as
outras cinco inscrições.
Registro a presença do nobre Presidente da Câmara,
para o qual peço uma salva de palmas em agradecimento pelo seu empenho e a
cedência, em comum aos demais Vereadores, para este espaço no dia de hoje.
O Ver. Sebastião Melo está com a palavra.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Ver. Oliboni,
em primeiro lugar, quero cumprimentar V. Exª, os componentes da Mesa, os meus
colegas Vereadores, mas especialmente a população que vem aqui nesta Audiência
Pública. Eu estou com outras agendas, mas fiz questão de passar por aqui, por entender que as audiências públicas
respondem importantemente para a Cidade. E dizer que os senhores terão da
presidência da Casa a certeza, a segurança de encaminhar tudo aquilo que o Ver.
Aldacir Oliboni está presidindo. Acho que é importante que o Poder Legislativo
seja intermediador de temas como esses, e o Governo está aqui, com certeza, com
esse espírito. Então, queria cumprimentar pela Audiência e dizer que vou me
somar junto com as decisões aqui tomadas. Muito obrigado, e bom trabalho. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Obrigado,
Presidente.
A
Janete Mariano de Oliveira, representante da PSF Castelo-Restinga, está com a
palavra.
A SRA. JANETE MARIANO DE OLIVEIRA: Boa-noite a todos. Gente, o que eu
gostaria de falar, com respeito a todos que estão aí, é que são 12 anos de
trabalho dos nossos funcionários, de nós, que nos dedicamos à comunidade. Nós,
com o poder que temos, nunca usamos isso contra ninguém. Então eu acho que isso
tem que ser respeitado, eu acho que tem que ser levado em conta o trabalho do
agente comunitário, porque cada um de nós - e olha que não estão todos aqui -
trabalhamos com duzentos e poucas famílias, gente, mais de seis mil pessoas por
cada PSF, pelo amor de Deus! E a gente está pedindo respeito, a consideração de
vocês, porque, de trabalho, nós já trabalhamos há muito tempo. Em setembro,
para quem não se lembra de 1996, que não achavam os contratos, no ano passado,
nós assinamos o papel e trabalhamos sem receber nada, que podia ser que
fôssemos engajados nesse trabalho. A gente trabalhou todo o mês de setembro de
graça, sem saber se ia ser contratado ou não. Então, eu acho que isso tem que
ser levado em conta.
O
que sai na imprensa não é o trabalho que nós fizemos, tem que sair o trabalho
do agente comunitário, não o que estão fazendo, porque a saúde está caindo, os
trabalhadores estão cansados, estão doentes. O que é isso, gente? Como a gente
vai trabalhar, vai poder passar segurança para as pessoas, se nós estamos
inseguros quanto ao nosso caminho que vamos seguir?
Outra
coisa: nessas reuniões, sempre vem gente que nunca sabe o que é, o que foi,
como está! Então não venha, gente. Vem quem tem a resposta para nós, porque já
faz um ano e pouco. E prometeram, não sei se vocês lembram: antes das eleições,
prometeram para nós que nós seríamos contratados, que seria assinada a nossa
Carteira de Trabalho. Todo mundo acreditou, penso que muita gente acreditou
aqui, eu fui uma, e eu não quero me decepcionar com isso! Eu não quero
acreditar que a gente está sendo jogado fora por um trabalho que a gente está
fazendo há doze anos. São várias pessoas que nós trabalhamos; 12, 8, 7, 6, cada
um tem o seu valor aqui, cada pessoa tem o seu valor, e a gente tem que ser
respeitado por isso. Era isso que eu queria falar: queremos Carteira assinada,
porque onze anos trabalhando com carteira assinada (Palmas.) e um ano sem
carteira assinada, olha o transtorno que dá na vida de cada um. Olha que é
olhar o contracheque com o nome “estagiário”. Gente, isso dá um nó na cabeça do
trabalhador; sem contar que ainda estamos com os locais dos nossos trabalhos
lá, pequenos, sem condição nenhuma, faltando médico, sem estrutura, sem nada,
gente! Os médicos estão indo embora, está todo mundo insatisfeito, que é isso?
Onde vai parar a nossa Saúde?! Então eu peço a colaboração de vocês e que hoje
saia uma decisão, e que, se é para vir alguém, que leia o Projeto, pelo menos,
e que saiba o que está escrito! Muito obrigada. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Registro
a presença do Ver. Carlos Comassetto e da Verª Sofia Cavedon. (Palmas.)
A
Srª Rejane Haidrich, usuária do PSF Jardim Leopoldina, está com a palavra.
A
SRA. REJANE HAIDRICH: Boa-noite
à Mesa, boa-noite a todos, eu sou usuária da Unidade Jardim Leopoldina e venho
aqui em prol de todos os agentes comunitários, pelo respeito pelo trabalho de
cada um dentro da sua comunidade. E acho que o Governo está muito desrespeitoso
com o trabalhador! Desculpe, James, mas é desrespeitoso virem pessoas que não
podem bater o martelo e resolver a situação, e dizer que é para depois. Não é
para depois. É uma situação de uma comunidade que está em busca de alguma
coisa. É lamentável as pessoas virem sem solução. Isso vem se arrastando há
tempo pelo Conselho Municipal de Saúde, que está também um caos a nossa Saúde.
Então a gente não pode mais, como população, deixar isso acontecer. Tem de vir
gente aqui, numa Audiência Pública, que tenha solução na mão, para dar para
este povo que está trabalhando na comunidade! Não podemos mais respeitar isso,
é um desrespeito muito grande para a comunidade, é um desrespeito muito grande
com a população que está lá, sendo desassistida por total e ver gente que não
tem solução, que não sabe, como a colega mesma falou. É muito lamentável chegar
aqui, numa Audiência Pública, e não ter uma solução, como está tendo também o
desrespeito no TAC, que é também um desrespeito total. Muito obrigada.
O
SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Obrigado,
Rejane.
Com
a palavra a Srª Maria Eronita Paixão, do PSF Ponta Grossa.
A
SRA. MARIA ERONITA PAIXÃO: Boa-noite
a todos e a todas; estou aqui em meu nome e em nome dos colegas e dos pais. A
gente teve oportunidade de conversar, e eles deram algumas sugestões. Gostaria,
por gentileza, de fazer algumas perguntas, das quais também me sinto em dúvida.
Estamos trabalhando, continuamos a informar os números de VDs através do CIAB
que prestamos todas as quinzenas, e isso a gente faz com maior amor, com maior
carinho, porque a gente trabalha para a comunidade. Nós amamos o que fazemos, e
acho que isso aí é muito importante.
É
através do nosso CIAB que o Governo recebe as verbas, e a gente não está
negando o nosso trabalho, nós estamos fazendo o nosso trabalho, e enquanto isso
a gente não está tendo respostas do Governo. Quando algumas colegas tiveram que
entrar em Biometria por cirurgias ou alguma coisa assim, nós somos considerados
servidor público, uma palavra muito bonita.
Realmente,
eu gostaria de me sentir um servidor público, mas eu não consigo me sentir,
devido à situação em que estamos, sem saber o que somos. Será que a gente é
celetista, ou será que nós somos estagiários?
Então
ficam as perguntas: o que somos? Na realidade, a gente não sabe o que nós
somos. Nunca esquecendo que não somos a Sollus, e, sim, estagiários ou
realmente a gente não sabe o que a gente é. As colegas perguntam assim: por que
não recebemos mais vale-refeição? E quanto ao Fundo de Garantia, que não foi
depositado desde fevereiro, que é um prejuízo para nós, agentes de saúde? A quem
devemos nos reportar dentro da Prefeitura quanto a algumas dúvidas sobre nós,
agentes de saúde? Também gostaríamos de saber.
Não queremos a prorrogação; queremos, sim, a
contração aos Agentes Comunitários de Saúde – ACS. Uma dúvida que temos: não
podemos realizar Visita Domiciliar – VD – com a equipe médica e técnicos de
enfermagem no carro da Sollus, mas pergunto também como vão ser realizadas
essas VDs; se o agente é da comunidade, tem que fazer parte destas VDs.
Então, são coisas assim. Algumas colegas falaram
que nós realmente temos que informar tudo para a Sollus. Será que somos
funcionários da Sollus? Não sabemos. Estas são as questões que todos nós
estamos em dúvida. Estamos recebendo palestras, capacitações, e acho que são
muito importantes para o nosso trabalho, que vem só a somar. Agora, estamos
falando sobre o idoso, a sexualidade, sobre a Aids no idoso e a 3ª idade;
trabalhamos com o idoso, trabalhamos com a comunidade, trabalhamos com todas as
prioridades que temos; mas e nós? Gente, por favor, acho que é o momento de pensar
com muito carinho sobre o nosso trabalho, sobre o que gostamos e amamos fazer.
Acho que é muito bonito chegarmos em uma palestra e informarmos todos os
trabalhos que temos no posto, as atividades que fazemos, a preocupação com o
idoso, a qualidade de vida que prestamos ao idoso; mas, ao mesmo tempo, a nossa
qualidade está muito frágil, estou me sentindo...
Hoje eu tinha aula, não fui participar da minha
aula, estou fazendo faculdade e não sei até quando vou poder pagá-la; deixei de
ir a minha aula semanal para estar aqui. Enfim, até sabendo a resposta de que
não teríamos nada resolvido, mas estou aqui. Mas vamos acreditar que pode
mudar, vamos dar esperança, vamos ver o que podemos receber de bom. Que 2009
seja um pouco melhor para nós.
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Tenho três
inscrições aqui, três agentes e três Vereadores. Vou fazer a alternância: fala
o Ver. Marcelo Danéris, e depois fala um agente. Registro a presença do Losada.
O SR. MARCELO DANÉRIS: Ver. Aldacir
Oliboni, não é uma fala; na verdade, é uma proposta de encaminhamento para a
Audiência Pública aqui e para os agentes. Só posso fazer uma proposta - e quero
me dirigir a todos os agentes e às agentes comunitárias de saúde - do ponto de
vista da Câmara Municipal e do que ela pode fazer para ajudar. Penso, como
proposta – e consultei o Regimento e a Lei Orgânica do Município –, que a Casa
peça, por sua responsabilidade, já na segunda-feira, a urgência de todos os
projetos que envolvem o PSF. (Palmas.)
Nós vamos pedir a urgência. Se, depois, o Governo
quiser pedir urgência, quiser discutir, nós vamos respeitar, discutir e definir
isso juntamente com o Sindicato e os agentes e as agentes comunitários de
Saúde. Mas vamos pedir a urgência imediatamente, na segunda-feira, que é para a
gente poder trabalhar. Pedindo a urgência, Ver. Aldacir Oliboni, já na
segunda-feira, nós temos total condição de votar todos os Projetos, com as
Emendas, com os ajustes necessários, discutidos com o Sindicato, com os
agentes, para, até o dia 10, no máximo dia 15 de dezembro, resolvermos esta
situação. (Palmas.)
A segunda proposta para a Audiência Pública, Ver.
Aldacir Oliboni, é que nós temos que encaminhar para o Poder Público - no caso,
o Governo Municipal - que ele tem que tomar uma providência para todos os agentes
comunitários de Saúde - e falo isso por pedido de uma agente comunitária de
Saúde -, uma carta que os reconheça como agentes comunitários de Saúde,
contratados pelo Município de Porto Alegre, para que eles tenham direito a algo
mais básico, porque, agora, em dezembro, é extremamente necessário ter crédito,
nome na praça (Palmas.), para que possam, no mínimo, comprar os presentes da
sua família e que possam dar condições para suas vidas e para as suas famílias,
porque hoje eles não têm isso, exatamente pela condição precária de serem
estagiários e não conseguirem crédito.
Então acho que esta Audiência pode encaminhar isso.
Nós podemos pensar nesta solução, e o Governo pode oficiar todos os agentes com
uma carta de recomendação até que a gente vote, em regime de urgência, todos os
projetos que envolvem os PSFs. Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Queria, apenas
para ajudar, dizer para o Dr. James e demais colegas do Governo que a Emenda
Constitucional nº 51, aprovada lá em 2006, já dá esta absorção automática ao
Poder Público. Portanto, o que o Marcelo está propondo aqui, no segundo
encaminhamento, é uma questão óbvia. Deveria ter sido já há muito tempo
absorvido pelo Poder Público, coisa que não está acontecendo hoje, porque, pelo
o que a gente ouviu, quem administra o serviço é a Sollus. Uma vez que a Emenda
Constitucional garante a absorção, pode vir aqui qualquer projeto em regime celetista, que esses cidadãos
estarão garantidos e com estabilidade.
Vamos
passar a palavra ao próximo agente, a Srª Andréia Alves, do Jardim Protásio
Alves.
A
SRA. ANDRÉIA ALVES: Boa-noite
à Mesa e a todos os nossos colegas aqui presentes. Eu gostaria, na pessoa da
Cirlete, de agradecer por todos os nossos colegas que estão aqui. Sabemos que
temos muito mais colegas que não puderam vir, mas, por todos que estão
presentes, sabemos que fazemos a força, porque cada um de nós aqui tem família,
sendo que, em cada família, temos de quatro para mais moradores. Nós somos a
voz da comunidade.
Também
quero reforçar, me somar à voz dos nossos colegas. Vimos que o Dr. James e a
Secretária do Jurídico, que está aqui nesta noite, acabaram de nos dizer que
não têm respostas, que não podem nos responder. Mas eu acredito que, se eles
foram denominados para que pudessem estar aqui nesta noite para representar a
Prefeitura e o Jurídico, certamente é porque eles são capazes, sim, de nos
responder algo, e de agir, e de dar alguma... (Palmas.) E decidirem algo para
nós nesta noite. Com todo o respeito, eu sei que vocês estão também
representando, assim como nós, assim como eu estou aqui representando os nossos
colegas, mas, se eu estou representando, eu tenho o poder de falar, assim como
vocês que estão representando também têm esse poder de agir. O que eu acho que
está faltando, realmente, é somente vontade (Palmas.), porque acabaram de dizer
que é somente pegar uma caneta e escrever a palavra “urgente” para que esse
Projeto ande com urgência e seja resolvido para nós.
Quero
ressaltar também - com todo o respeito à sua pessoa - que nós, trabalhadores,
trabalhamos, sim, no meio do tráfico, no meio do tiroteio, não só no meio dos
assaltos ao posto. Uma colega nossa, do PSF da Safira, acabou de se afastar do
trabalho, porque ela estava fazendo uma visita domiciliar, quando uns
traficantes vieram pedir contas para um outro jovem e mataram um jovem na
frente dela. Ela ficou num tremendo estado de choque e teve de ser afastada.
Esse tipo de situação a gente vive não só um dia, mas todos os dias.
Quem
está lá na comunidade, quem está lá tentando levar saúde, tentando educar a
população é o agente comunitário. Então, nós temos que ter um mínimo, o mínimo
de respeito possível! Nós temos que ter as nossas carteiras assinadas! Quando
falamos para a comunidade que trabalhamos sem carteira assinada, eles acham que
estamos brincando. Essa é a mais pura verdade.
Nós estamos sendo desrespeitados. Eu acredito que
cada um de nós, quando votamos num Prefeito, quando elegemos alguém para nos
representar, é para ajudar a nossa comunidade, e isso não está sendo feito,
porque não estão pensando em nós. Automaticamente, não tendo um contrato, não
desenvolveremos um bom trabalho, e isso reflete diretamente na comunidade. Isso
a comunidade quer cobrar desse Governo, e nós colocamos, sim, a culpa no
Governo por não estar agindo conosco de maneira humana; o Governo está sendo
desumano com a categoria dos agentes comunitários de Saúde.
Acabamos de perder, no PSF do Jardim Protásio
Alves, uma médica excelente, e não se tem palavras para falar o quanto era
humana e o quanto era extremamente profissional; não media esforços para nada.
Por quê? Porque ela não era uma funcionária pública; trabalhava para a Empresa
Sollus. Assim, estamos perdendo médicos, técnicos. Cada um que passa num
concurso vai saindo; vão saindo as pessoas boas, vão-nos deixando, porque não
têm um contrato digno.
Então, nós não queremos afrontar os senhores; nós
não queremos faltar com o respeito aos senhores. Nós só queremos respeito dos
senhores para conosco, para com a categoria dos agentes comunitários de Saúde.
(Palmas.)
Eu agradeço aos colegas pelo incentivo, nós viemos
aqui falar e temos que ter coragem para falar. Acabei de ouvir, quando vim para
cá, de nossas colegas: “Se for preciso nós nos unirmos com os professores, que
já estão parando, se for preciso, vamos parar também”. Nós temos uma arma em
nosso favor, que é a comunidade. Não é isso que nós queremos. Quero deixar bem
claro: não é isso que queremos! Nós queremos o nosso problema resolvido, o
nosso contrato feito, aceito, e a nossa carteira assinada. Nada mais do que
isso! É o mínimo que precisamos. Muito obrigada a todos. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Carlos
Comassetto está com a palavra.
O SR. CARLOS COMASSETTO: Ver. Aldacir
Oliboni; cumprimentando o Ver. Aldacir Oliboni, cumprimento todos os colegas aqui; cumprimentando a
Cirlete, cumprimento todos os trabalhadores da Saúde; e cumprimento os
representantes do Executivo Municipal.
Há
exatamente um ano e dois meses e meio, em setembro do ano passado, esta Casa
estava lotada para resolvermos a crise que foi instalada pelo Governo Fogaça na
Saúde, com a transição do contrato e o problema que todos vocês sabem de cor e
salteado. Houve uma Audiência Pública com a presença do então Secretário da
Saúde Eliseu Santos, que eu lastimo muito que não esteja presente nessa Mesa
(Palmas.), e nenhum dos acordos feitos naquele momento se tornou realidade até
agora.
Portanto,
nós estamos aqui recapitulando uma pauta que já foi acordada, que já foi
discutida, que foi elaborada. Quem não cumpriu o acordo e não está cumprindo,
senhores representantes do Executivo Municipal, é o Executivo Municipal. Esta é
a questão central que está colocada aqui. (Palmas.)
Eu
creio que podemos inaugurar um novo ano com o Executivo se pronunciando
publicamente. Primeiro, o Executivo Municipal tem que respeitar o Conselho
Municipal da Saúde e mandar os Projetos para o Conselho Municipal da Saúde. E
não só elaborar propostas, como torná-las realidade, além de discutir com o
Conselho Municipal da Saúde as finanças, a aprovação de contas relacionadas à
Saúde do Município. Já faz quantos trimestres - três, quatro, cinco? - que não
são aprovadas na discussão do Conselho Municipal de Saúde? Por que é que não
são aprovadas? Porque a legislação não está sendo cumprida.
Na
última terça-feira, tivemos uma reunião no Ministério Público onde os
representantes da Secretaria Municipal da Saúde nada sabiam do tema que
estávamos tratando, que era o Sistema de Saúde Integral Restinga-Extremo Sul! Essa é uma
realidade que tem acontecido com constância.
Pessoal, eu sempre discuti aqui com muita abertura
e com muita sinceridade este tema. E digo a vocês que estão aqui representando
o Executivo Municipal: sei como se sentem aqui, dizendo: “Bom, não tenho poder de
decisão”; “Bem, não sei o que vamos fazer”; “Bem, não estamos com proposta para
dar continuidade”.
Portanto, os senhores e as senhoras levem a
proposta, porque os agentes de saúde que aqui estão... Levem, não - executem a
proposta, melhor dizendo! Executem, porque não queremos algo de insegurança na
vida das pessoas e na de todos os usuários da Saúde, porque essa história de
renovação... Renovar o quê? Para onde? Como? Por quê? Nós queremos e
precisamos, os senhores e senhoras precisam é da contratação definitiva, para
terem segurança no trabalho e transmitir isso! Esse é o primeiro ponto!
O segundo ponto, que o companheiro Marcelo já
trouxe aqui, é os Projetos serem votados com urgência. E eu lembro do acordo,
do Termo de Ajustamento de Conduta - todos vocês lembram - que foi feito, no
sentido de que, no dia 30 de março, estaria aqui o Projeto para ser votado para
o concurso público para todo o Sistema de Saúde de Porto Alegre. Até então,
nada disso avançou! Nada disso avançou!
Portanto, há a urgência dos Projetos que o Ver.
Marcelo Danéris já trouxe aqui. Segunda-feira, vamos engrossar o coro com os
demais Vereadores. E eu lastimo que os Vereadores da base do Governo não
estejam aqui para assinar junto isso e para fazer com que os Projetos andem,
porque tem chegado todo o dia um conjunto de Projetos com urgência; os da
Saúde, os da Educação e os outros não vêm com urgência, mas os Projetos para
potencializar os projetos privados da Cidade entram todos os dias com urgência,
aqui. (Palmas.)
Concluo sugerindo mais um ponto: que se aprove aqui
novamente, nesta assembléia, Ver. Oliboni, que os Projetos sejam encaminhados
ao Conselho Municipal de Saúde, e que o Secretário vá ao Conselho Municipal de
Saúde para limpar a agenda de todas as pautas que não foram discutidas e não
foram apresentadas oficialmente ao Conselho Municipal de Saúde. E nada de
renovação! Aprovação definitiva da contratação de todos os senhores e senhoras
que são trabalhadores do PSF. Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Sr. Luiz
Eduardo Ribeiro, do PSF Osmar Freitas, está com a palavra.
O SR. LUIZ EDUARDO RIBEIRO: Boa-noite aos
colegas todos, boa-noite à Mesa. Eu queria fazer uma pergunta em especial ao
Dr. James. Dr. James, nós estamos tão desamparados! Vou começar pelas coisas
pequenas, que isso que nós estamos falando hoje é muito maior do que eu quero
saber.
Nós temos 11 dias de folga, desde setembro de 2007,
para tirar, e não foi repassada nem verba, nem folga. São só 11 dias, mas, para
mim, fazem falta para eu andar com o meu filho, para eu arrumar a minha casa.
Acho que isso é um descaso com o ser humano! Nós somos humanos, eu tenho filhos
no colégio. Onze dias que não foram solucionados, nem em folga, nem em verba!
Estamos com férias programadas, lá no nosso PSF, para janeiro e fevereiro. O
que será feito de nós? Já não tiramos férias em 2007 e em 2008. Vamos ficar
três anos sem férias? Daí tudo novamente. Que descaso é esse com o ser humano
que nós somos?
Os números contam o nosso serviço, a mortalidade infantil
é uma das menores do País! No início, o senhor falou: “Os agentes de saúde não
vão ficar sem trabalhar no PSF”. O PSF não trabalha sem o agente de saúde. O
agente de saúde é a âncora do PSF! Um PSF sem agente de saúde fecha as portas!
É Programa de Saúde da Família, Dr. James. Nós somos humanos, temos família,
trabalhamos dentro da comunidade!
Está vencendo outro incentivo, outro décimo-quarto
está vencendo agora! Tem muitas coisinhas pequenas que fazem disso uma grande
coisa, Dr. James! Olhem para nós com muito carinho! Levem lá para dentro, façam
isso segunda-feira, Dr. James. Por favor! (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): A Verª Sofia
Cavedon está com a palavra.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Boa-noite, Sr.
Presidente, Ver. Aldacir Oliboni; quero cumprimentar os representantes do
Governo, o sindicato, que, bravamente, vem lutando com os seus trabalhadores;
quero cumprimentar todos e todas vocês, trabalhadores da Saúde. Que pena que todos nos reencontremos,
de novo, no mesmo drama que estamos vivendo há um ano, há mais de um ano.
Queria dizer a vocês que eu cheguei um pouco mais tarde porque estava na Escola
Tristão, na Restinga, para um compromisso que eu tinha que cumprir no final da
tarde, mas estava organizada para vir para cá, porque sabíamos que ia passar a
campanha, e esse problema não estaria resolvido. E por que nós sabíamos? Porque
o Governo nos obrigou, enquanto Câmara de Vereadores, a aprovar o Projeto que
transformou vocês em estagiários.
Será
que este País sabe que, na cidade de Porto Alegre, exemplo para o mundo, o
Agente Comunitário de Saúde recuou da sua condição de carteira assinada para
estagiário da Prefeitura? Será que sabem que o modelo cantado na campanha, de
que a Saúde está assim, está assado, está maravilhosa coloca vocês numa
insegurança como a em que estão nesse período todo e agora, neste final de ano?
E
nós fomos obrigados a fazer, porque o Governo estourou todos o prazos, mandou o
Projeto para cá no último prazo! E o pior: o primeiro Parecer da Procuradoria
desta Casa dizia que o Projeto era inconstitucional. E aí, gente, o que eu
quero repassar aqui? A mesma coisa que o Ver. Carlos Comassetto disse, que há
responsabilidades, que essas coisas não são feitas assim por distração. O
Governo levou mais de três meses para fazer a justificativa, o contraponto para
a Procuradoria da Casa. O momento da Procuradoria é anterior inclusive à
entrada dos Projetos nas Comissões. E o Vereador responsável aqui pelo Governo
entregou três ou quatro meses depois, no início da campanha, a primeira
justificativa para o projeto tramitar; portanto, botou debaixo do braço e
guardou.
Então,
o Governo protelou de propósito. Quero lembrar vocês de que eu disse, numa
Audiência Pública de agentes comunitários, que tínhamos que vir para a Câmara
pressionar. Isso foi em junho, julho, numa reunião ali no centro da Cidade,
como alguns vão lembrar. E aí a escolha foi outra, foi discutir com os
candidatos. Alguém vai se lembrar disso, não é, gente?
Então,
acho que a gente levantou pressão, o pessoal que estava presente lá, e o
Governo foi postergando de propósito, porque mandou para cá um Projeto que é um
monstrengo. É um mostrengo, não tem sustentação jurídica, nós vamos ter que
arrumá-lo com Emenda ou Substitutivo. Postergou, porque sequer na primeira Comissão
entrou. Não sei se tem Parecer da CCJ, Oliboni, não sei em que pé está.
(Pausa.)
(Manifestação
fora do microfone. Inaudível.)
A
SRA. SOFIA CAVEDON: Só
tem da primeira e única Comissão, que é a de Constituição e Justiça. Então,
gente, tem uma responsabilidade. O Governo Municipal aqui tem 26 Vereadores, a
base do Governo Fogaça tem a grande maioria. Se o Governo quisesse resolver, já
tinha resolvido, já tinha encaminhado. Aqui, na oposição, não faltou denúncia,
não faltou luta, não faltou briga para que o Projeto fosse arrumado. Vocês
acompanharam, tivemos Audiência Pública, vocês fizeram uma contraproposta, a
categoria se reuniu, apresentou, levou, entregou, a Comissão de Saúde se
mobilizou, e o Governo não quis, postergou e vai jogar para o último dia do
ano, para tentar prorrogar a situação lamentável em que vocês estão. Nós não
vamos concordar com isso! E por que é que nós não vamos concordar? Porque
aquilo que diziam, que o recurso do PSF era um recurso com o qual não se sabia
se iria poder contar no outro ano, vocês lembram? Isso já mudou! Há uma Emenda
aprovada neste ano, e agora os recursos são de repasse obrigatório - não é
voluntário -, os recursos da Saúde, do Programa de Saúde da Família, da
estratégia de saúde da família, porque veio para ficar no País inteiro, porque
é o que funciona em Saúde.
A
ação do Agente Comunitário de Saúde é fundamental, porque nós temos que
trabalhar com diagnóstico, nós temos que trabalhar com saúde preventiva. O
belíssimo trabalho que vocês fazem, que é educacional, é fundamental, porque
Saúde é educação, fundamentalmente, é prevenção, fundamentalmente. Nós temos
que tratar menos a doença, trabalhando as condições de Saúde.
Portanto,
gente, recurso, hoje, para o PSF é um recurso que inclusive conta, sim, no percentual
de gasto com pessoal. Não contava antes, porque era uma parcela voluntária;
agora, não. Agora é obrigatória, pode contar, tem mudança, é um Programa que
veio para ficar no País, nos Estados e nos Municípios. Não tem mais
justificativa para o Governo Municipal não resolver, de fato, regulamentar o
PSF.
E
eu vou dizer, por final, aos representantes do Governo, que nós aqui tentamos
votar, na Lei de Diretrizes Orçamentárias, a regulamentação do PSF. Foi
derrotada a Emenda, derrotada pela maioria do Governo Municipal, que não quer
regulamentar o PSF. Derrotaram! Nós disputamos o ano passado e disputamos este
ano aqui, em plenário, uma tarde inteira, e parecia que ninguém escutava; os
Vereadores votavam no automático: “não, não, não e não!”
Então,
gente, tem responsabilidade. E eu encerro, Ver. Oliboni, dizendo que a nossa
parte nós vamos fazer junto com vocês; agora, sem pressão, não há solução!
Contem conosco, tem que pressionar! E o Prefeito tem que se posicionar, porque
de graça não virá - eles já disseram. Então temos que ir para a rua e
pressionar, senão não resolve! (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O
Sr. Antonio Losada, representando o Conselho Municipal de Saúde, está com a
palavra.
O
SR. ANTONIO LOSADA: Mesa,
Governo, companheiras e companheiros, é lamentável a situação dos agentes
comunitários de Saúde. Essa luta já se prorroga por três anos. O Conselho
Municipal de Saúde é formado por quatro segmentos: o Governo, os funcionários,
os usuários e os fornecedores - donos de hospitais, laboratórios, etc. Sou
Conselheiro da região Sul/Centro-Sul e Conselheiro Municipal e sei da
disposição daquele Conselho para resolver em definitivo o problema do agente
comunitário. Mas, na condição de representante dos usuários, eu queria
registrar à Mesa e para todos os presentes, em nome dos usuários, a importância
do agente comunitário e a importância do atendimento básico na Saúde.
Hoje,
companheiros, discutem-se dois modelos no País, um modelo privado e outro
público. Há um esforço muito grande para levar o dinheiro para o público, mas
para passar para o privado e deixar o setor público, do qual vocês fazem parte
pelo papel que vocês desempenham, nessa situação de indefinição, de
estagiários. Mas a comunidade de Porto Alegre sabe da importância do trabalho
de vocês, da medicina preventiva e vai dar toda a solidariedade possível.
O
que nós precisamos é manter mobilizações como esta de hoje, para pressionar os
Vereadores de todas Bancadas. Aqui há uma forte representação de Vereadores do
PT dando apoio para vocês e para o Conselho Municipal de Saúde, mas é
necessário cobrar das outras Bancadas,
se eles estão do lado da exploração da Saúde, do lado dos capitalistas, ou se
estão do lado das comunidades, dos estagiários e dos trabalhadores em Saúde.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Registramos a
presença do Ver. Carlos Todeschini, do PT.
(Manifestação fora do microfone. Inaudível.)
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Peço a
colaboração do Plenário. Posso abrir inclusive exceções aqui para que as
pessoas se inscrevam, para que usem a tribuna, se necessário. Mas peço a
colaboração de todos.
Agora vamos ouvir o encaminhamento dado pela
Presidenta do Sindicato dos Agentes, Srª Cirlete.
A SRA. CIRLETE PRUSCH: Eu gostaria de
agradecer todas as intervenções dos meus colegas, que foram brilhantes; acho
que eles manifestaram todo o sentimento de cada um de nós aqui.
Eu queria perguntar, porque acho que ficou no ar:
como, Dr. James, vamos manter abertos os postos, trabalhando, após a data de 31
de dezembro, se nós não estamos contratados definitivamente pela Prefeitura,
diante de toda essa insegurança que temos até hoje? É a primeira pergunta.
Prorrogação: já foi falado aqui que nós não queremos
prorrogação, até porque, daqui a um, dois, três meses, nós vamos estar aqui
pedindo, de novo, encarecidamente, que sejamos contratados! Não é assim que
funciona mais!
Uma outra questão, Dr. James: o Projeto só começou a
ser discutido agora, na Câmara, porque esteve por quatro meses – foi a informação
que eu tive – parado nas mãos da Bancada do Governo, para só retirar uma coisa
que era inconstitucional, que era a idade para ingresso dos agentes, dos
médicos, dos enfermeiros e dos técnicos.
Outra questão:
antes da fala do Ver. Marcelo, eu tinha conversado com o Ver. Oliboni sobre o
Pedido de Urgência, pois eu acho que essa votação deveria ser para ontem!
(Palmas.) Eu acho que, agora, nós não temos mais limite de dias, não temos mais
o que prorrogar, porque, na verdade, é uma insegurança total. Desculpe-me falar
para vocês assim, mas a gente ficou segurando a onda de colegas, dos técnicos -
de ficar levando, levando -, e a gente vê que hoje...
A
gente pediu a separação do projeto. Na primeira vez em que eu estive naquele
microfone, eu pedi: agente comunitário deve ser visto de uma maneira, e os
técnicos de outra maneira. Fizeram um pacote, colocaram todos num pacote, e, na
verdade, isso não deveria ter sido feito. Desde o início, a gente via que isso
não era viável. Isso foi visto por mim, que sou uma simples agente comunitária
e não entendo nada de leis. Mas a gente sabia que, no momento em que isso
acontecesse, iriam nos enrolar com esse pacote, e esse pacote nunca iria ser
desembrulhado. É o que está acontecendo hoje aqui: o pacote ainda não foi
desembrulhado, é o que a gente está sentindo.
Então,
a nossa proposta é que seja feita a contratação imediata e definitiva de todos
os agentes comunitários de Saúde, inclusive os que estão demitidos e não estão
trabalhando. (Palmas.)
Com
relação às folgas que o Sr. Luiz comentou, o senhor sabe bem disso melhor do
que ninguém, pois a gente conversou direto por várias vezes, basta um simples e-mail - porque hoje a gente não fala
mais por telefone, a gente fala por e-mail
- dando poder para as supervisoras simplesmente liberarem as folgas das pessoas
que estão querendo tirar as suas folgas. Não é mais nada do que isso! Já tinha
sido combinado que nós teríamos direito a folga, já que não iríamos receber em
dinheiro.
E
eu quero deixar uma coisa importante muito bem relatada aqui: naqueles 11 ou 20
dias que o Luiz falou - no meu caso, foram quase 30 dias -, nós ficamos lá no
posto sem médico, sem enfermeiro, sem técnico, mas com o posto aberto,
trabalhando, porque eles não iam mais trabalhar. E nós ficamos lá, trabalhando,
de portas às vezes fechadas, porque nós não podemos abrir o posto, porque não
temos as chaves. Mas nós estávamos lá. Eu tenho um compromisso muito sério com
essas pessoas que estão aqui, porque elas me ligavam e diziam: “Cirlete, o que
eu faço?” Vão lá, vão lá, porque nós temos que estar lá mostrando que realmente
nós estamos trabalhando. Eu dizia isso. Hoje elas podem vir cobrar: “Pois é,
Cirlete, nós fomos, e agora?” Eu dizia, porque eu confiava na palavra que o
Governo me repassava, que todo mundo ia ser contratado. Nós estamos confiando
há 15 meses, como já foi colocado aqui.
A
minha proposta, hoje, é a votação imediata, como já falei. E, durante essa
votação aqui, só o tempo da Câmara, que a gente forme uma comissão, não uma
comissão para batalhar, mas uma comissão para ver os ajustes dessa Lei, com as
Emendas propostas. Eu falei para o Ver. Marcelo Danéris que em nenhum momento a
gente disse que não queria ser contratado pelo processo seletivo, como
celetista; pelo contrário, isso é uma coisa legal que a gente sempre debateu.
Então
a minha proposta é a contratação, e, nesse intermédio, que se faça essa
comissão com a Câmara de Vereadores presente, representante da Secretaria,
representante da Procuradoria, da SMA, do Sindicato, para que a gente faça
esses ajustes.
Uma
outra questão. Dia 8 é Dia da Família, e também denominaram o Dia do Agente
Comunitário de Saúde. Eu proponho que dia 8 a gente faça uma paralisação, uma
assembléia popular em frente à Prefeitura, e que o Prefeito, ou o Secretário
Clóvis, nos receba para bater o martelo e dizer: “Vocês estão contratados, a
partir de agora, pela Secretaria Municipal de Saúde”. (Palmas.)
E
tem essas questões que não são tão pequenas, como certas coisas que estão
acontecendo: convênio do GHC, que não foi até hoje assinado; problemas do
Moinhos, que até hoje os Agentes Comunitários não são devidamente pagos
conforme a Convenção Coletiva de Trabalho. Os do Hospital Divina Providência
também não recebem conforme a Convenção Coletiva de Trabalho, e também fizeram
um processo seletivo, também têm o direito de ser contratados pela Prefeitura
Municipal de Porto Alegre, e estão lá, sendo funcionários do Hospital Divina
Providência.
São
coisas que estão martelando na cabeça de todos nós. E hoje nós temos que sair
daqui com soluções, soluções definitivas, para que amanhã a gente possa dormir
sabendo que, dia 31... E o problema não é somente renovação ou contratação: é a
insegurança, é quem na verdade responde para nós, a quem devemos nos reportar
para perguntar qualquer coisa. A SMA não responde. A Secretaria Municipal não
responde. A Procuradoria Geral não responde. Quem, na verdade, vai responder
por nós a partir de hoje? É isso que nós queremos. Nós queremos um patrão só.
Um patrão! É isso que nós estamos pedindo, gente! É pedir demais um patrão?
(Palmas.) Mas um patrão só.
Assim,
pessoal, eu, representando vocês, tudo que vocês falaram aqui eu endosso
embaixo. Obrigada. E acredito que saímos daqui hoje com alguma coisa, para
podermos levar aos nossos familiares alguma solução também.
O
SR. CARLOS TODESCHINI:
Boa-noite, Sr. Presidente, Ver. Aldacir Oliboni; Dr. James; senhoras e senhores
presentes, em especial os agentes; Verª Sofia Cavedon. O Projeto veio para cá
em abril, se não estou enganado. Antes, 28 de março. E o Projeto veio com
vários erros. Não foram só as questões da idade, de inconstitucionalidade; foram
outros problemas legais também agregados. Aliás, tem sido comum virem para cá
Projetos cheios de erros que vêm do Executivo. Nós chegamos a votar um Projeto
dez vezes diferente, porque ele, em todas as vezes, veio para cá com erro, mas
eu não acredito que esses erros tenham sido só descuidos ou equívocos.
Vejo que aqui está o Procurador Mauro, muito
competente, do Município. E sei que os Procuradores têm tido pouco espaço para
tratar sobre os assuntos da legalidade, porque as coisas são feitas muito sem a
transparência que deveria ter no Executivo. Há alguns que são escolhidos para
fazer as coisas e para atender a interesses, e não para atender ao interesse
público. Isso tem sido a norma desse Governo, eu posso afirmar aqui com toda a
firmeza, com toda a determinação, sem medo de ser contestado.
Então
esse Projeto veio cá com erros muito graves, e eu não tenho dúvida de que foram
erros intencionais, porque isso prejudica todos. (Palmas.) Porque ele veio para
cá em março, para poder dar tempo de aprovar e realizar o concurso. E agora
como fica? Há pessoas que dizem que não vai haver concurso, seleção, eu acho
que estão “forçando a barra”, porque o que acontece é que qualquer cidadão de
Porto Alegre poderá ingressar. E não adianta aqui afirmar coisas que podem ser
malfeitas, porque é continuar no erro, como a Secretaria vem induzindo.
Processo seletivo não é concurso. Gente, eu não
estou aqui defendendo a posição do Governo, o que acontece é que, quando as
coisas são malfeitas, são enviesadas, depois elas ficam enroladas pelo resto do
tempo, e aí vocês ficam na insegurança permanente.
(Manifestações nas galerias.)
O SR. CARLOS
TODESCHINI: Vocês não têm que me vaiar, têm que vaiar o Governo, ele é que está
fazendo a coisa malfeita.
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Pessoal, vamos
colaborar. Está mantida, Ver. Todeschini, a sua palavra. É importante que o
Vereador possa fazer a sua manifestação livremente aqui, e cabe a nós, depois,
fazer as colocações para os encaminhamentos.
O SR. CARLOS TODESCHINI: E se alguém aqui tiver solução legal e milagre para
fazer, faça-o. Agora, eu não engano ninguém e eu não quero me enganar. A minha
proposta é que o Governo dê uma solução e arque com as conseqüências de forma a
não deixar a população sem atendimento, e dar conta dos empregos de vocês. É
disso que o Governo tem que dar conta.
Agora,
eu quero dizer o seguinte: isso não é uma solução que se dê em um passe de
mágica. Quem tem que ser chamado a produzir isso é o Governo, que poderia ter
feito já desde março. Por que ele enviou para cá os projetos sempre errados?
(Manifestações
fora do microfone. Inaudíveis.)
O
SR. CARLOS TODESCHINI: Eu
não tenho dúvida de que foi intencional o erro que ele mandou, foi para enrolar
até agora. Então, vejam só, é uma situação extremamente complicada e que deixa
todo mundo na insegurança, porque eu via eles, aqui... Eu não acredito que eles
não tivessem tido tempo de corrigir o Projeto, porque cedo, ao meio-dia, eles
estavam todos fazendo campanha embaixo dos viadutos ali, na SMS, para reeleger
o Prefeito. (Palmas.) Eu via o James, que era o chefe da campanha, sempre,
todos os dias... Para reeleger o Prefeito. Agora ele que dê a solução, porque
acho que foi criado um grande problema. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Quero
pedir a sensibilidade de todos. Todos nós sabemos da importância que tem esta
Audiência Pública. Nós temos muitos problemas para resolver, nós temos que
fazer aqui um calendário de adições, e eu vou repetir aqui, antes de passar a
palavra ao Dr. Marco, que vai falar em nome do Governo, o resumo de algumas
propostas aqui encaminhadas. E são de fundamental importância algumas delas,
que dependem do Governo; resta saber aqui como o Governo vai se comportar, isto
é, se ele concorda ou não.
Primeiro
encaminhamento sugerido pela plenária, pelo nobre Dr. James: solicitação de
urgência urgentíssima do Projeto de Lei pela Câmara; qualquer Vereador pode
assinar, seremos os primeiros a encaminhar, e o processo será aberto a todos os
Vereadores, com a concordância do Governo. Urgência do Projeto, pelos
Vereadores, com a concordância do Governo. Primeiro: até o dia 8, dia da
assembléia que vocês farão na frente da Prefeitura. Segundo: um compromisso
claro do Governo sobre a contratação definitiva, inclusive isso está no Projeto
de Lei. Terceiro: sejam sanados todos os problemas pendentes - folgas, quem não
tirou, vai ter que ter um calendário e vai tirar; quem não recebeu vai ter um
calendário para receber; como vai ser paga a licença natalina deste ano; todas
as coisas pendentes. Quarto: uma comissão de agentes que, a partir de segunda,
às duas horas da tarde, será recebida pelo Dr. James na Secretaria de Saúde.
Esse é o encaminhamento que estamos fazendo, e, se aprovado, com a
concordância, ele receberá a comissão. A Cirlete acabou de me dizer aqui que há
concordância, e o Dr. James inclusive falou nisso. E quinto: eu já tinha falado
sobre a assembléia geral proposta pelos agentes no dia 8, às 16 horas, na
frente da Prefeitura. Darei a palavra ao Governo Municipal, por intermédio do
Dr. Marco.
A
SRA. SOFIA CAVEDON: Eu
gostaria que os representantes do Governo, os quais respeito e eles têm uma
colega, aqui, municipária... Nós temos que entender que o Governo não vem e não
assume as posições políticas dos técnicos. Então, Ver. Oliboni, eu queria
reforçar a proposta da Cirlete e pedir aos representantes do Governo aqui que o
Prefeito Municipal receba os agentes comunitários de Saúde. (Palmas.) Por quê?
E aí acho que tem que dar um prazo, e explico por quê.
Acho
que para vocês está claro, mas quero deixar isso escrito aqui na Ata, porque
esta solução do PSF depende de uma decisão política! Essa não é uma decisão
meramente técnica! Os técnicos vão fazer o que for decidido politicamente pelo
Prefeito. Como o Prefeito ainda não decidiu o que vai fazer, só está enrolando,
empurrando, nós temos que obrigá-lo a tomar a decisão política, que é o que
vocês precisam. Vamos fazer a contratação, porque depois, o resto, gente, na
Câmara aqui nós votamos em dois dias. O problema é que, se eles não tiverem
vontade política, não sai votação, porque eles têm maioria, e também os
técnicos não vão fazer o que tem de ser feito.
Então,
eu proponho - e gostaria de ouvir que o Prefeito vai receber, porque o
Secretário da Saúde não recebe - que o Prefeito receba os agentes. E aí, se no
dia 8 ele não receber, ficamos lá até ele receber! (Palmas.) Até ele receber.
O
SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O.k! A Cirlete me lembra aqui que ela tinha
proposto, independentemente dessa Reunião de segunda-feira com o Dr. James, que
é para sanar todos os problemas existentes e possivelmente já vai encaminhar,
que, no dia 8, o Governo Municipal, o Sr. Prefeito Municipal receba, porque
estarão em assembléia na frente da Prefeitura, e que o Sr. Prefeito possa recebê-los.
O ofício de solicitação do recebimento, que podemos acompanhar, pode ser
mandado antes; se recebido antes, melhor; senão, no dia 8, na frente... E digo
mais: se não receber, nós vamos entrar! (Palmas.)
O
Sr. Marco Bernardes está com a palavra.
O
SR. MARCO BERNARDES: Boa-noite
a todos. Eu queria primeiramente, cumprimentando a Mesa, cumprimentando todos,
dizer do respeito e da efetiva importância que a gente sabe que cada um de
vocês têm. Historicamente há algumas pessoas aqui dentro que tiveram uma caminhada
junto conosco em outras oportunidades, em outras atividades que nós
desempenhamos, e a gente sabe o quanto essas pessoas, no dia a dia,
independentemente de serem agentes comunitárias ou não, sempre estiveram na
luta, e continuam na luta, pelo resgate da dignidade, por espaços maiores...
Aqui eu tive oportunidade de trabalhar diretamente com a Rosimeri, que está
ali, foi um grande prazer, e também com a Valdívia; a gente conhece o trabalho
que desempenham e a sua luta do dia-a-dia. Há muitas pessoas aqui, mas eu citei
algumas.
A
proposta do Governo é clara e respeita exatamente o que cada um dos senhores
solicitou. Em março, quando nós encaminhamos para cá a proposta do Governo,
diferentemente de algum Vereador que aqui se manifestou antes, nós prevíamos,
sim, o regime celetista, que foi solicitado pelos senhores. E está bem claro no
art. 8º: os trabalhadores do Departamento de Política de Saúde da Família
submeter-se-ão ao Regime de Consolidação das Leis do Trabalho. Então, esse foi
um compromisso que o Governo assumiu com os senhores e colocou na
lei; assim como colocou na lei, no art. 14, inciso VII, a criação dos empregos
de agentes comunitários de saúde, Programa Saúde da Família, com remuneração
mensal.
Então, a lei proposta pelo Governo reconhece e
deseja os senhores pelo regime celetista; a lei proposta pelo Governo cria o
Programa e reconhece os agentes comunitários. Nós encaminhamos essa proposta
para a Câmara em março, e não é verdade dizer que este Projeto ficou parado por
culpa do Governo.
(Manifestações nas
galerias.)
O SR. MARCO BERNARDES: Assim como respeitei
todas as falas, para termos interlocução, é importante também ouvirem, mesmo
não concordando, podemos discutir isso, mas vir aqui dizer que propositadamente
o Governo mandou a lei com erro e que funcionários públicos de carreira fizeram
isso propositadamente é uma irresponsabilidade.
(Manifestações nas
galerias.)
O
SR. MARCO BERNARDES: Isso não é verdade,
os funcionários públicos fazem e têm ampla liberdade para fazerem seus
trabalhos, e tanto entende o Governo que a lei está correta, que a própria
Comissão de Constituição e Justiça da Câmara entendeu que, na sua quase
totalidade, o Projeto de Lei está perfeito. O debate está sendo travado aqui
dentro da Câmara, que é a instância. Por que, então, anteriormente, os
Vereadores que aqui estão e os demais não discutem aqui com seus Pares, para
agilizarem esse processo? Agora, vêm pedir Regime de Urgência. Pessoal, é
importante sabermos que o Projeto está aqui. A maioria atende ao desejo do
Governo.
(Manifestações nas
galerias.)
O
SR. MARCO BERNARDES: Com o Projeto do
Governo, o que pretende esta Casa, se o Governo tem a maioria? Que seja votado
seu Projeto, que contempla o desejo de CLT.
(Manifestação fora do
microfone.)
O SR. MARCO
BERNARDES: Não sei, tem que perguntar para a Câmara. Nós
estamos dispostos a votar o Projeto.
O outro aspecto que
queria adentrar é referente à questão – já foi assumido compromisso com a
Cirlete e com o James – daqueles dias
de folga que nós temos a responsabilidade, sim, de resolver. Esse é um
compromisso já assumido, e nós temos que solucionar isso. Está marcada para
segunda-feira a reunião com a Cirlete, e os processos, pessoalmente
identificados, já chegaram no Jurídico para poder liberar isso.
A
última questão que eu queria dar uma pincelada com vocês diz respeito ao
Murialdo, que é para trazer essa informação para vocês. Nós estamos fechando um
termo de compromisso com o Estado, onde repassa, até 31 de dezembro, os
equipamentos do Murialdo. Como funciona isso? Existem alguns contratos, hoje
vigentes, de reforma desses prédios. E nós estamos exigindo que o Governo do
Estado os entregue prontos, para que a comunidade possa ser atendida de plano,
assim como todos os médicos que estão hoje lotados no Governo sejam repassados
para também atender nessas localidades. Então, até 31 de dezembro, deve estar
concluído este processo, e todos os postos do Murialdo vão sendo transferidos
paulatinamente assim que concluirmos as obras, assim como os médicos e os
atendimentos. Quem quiser ter acesso a essa discussão, nós temos os termos já,
para que vocês possam inclusive colaborar conosco para a gente melhorar e, com
a maior agilidade possível, conseguir implementar a questão de repasse do
Murialdo. Era isso. Obrigado.
O
SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Primeiro,
eu queria dar alguns esclarecimentos aqui. O Dr. Marco falou, para não ficar
dúvida com relação ao Projeto de Lei, por que demorou tanto, desde o dia 28 de
março, nesta Casa. Aqui têm os trâmites regimentais, que são os
seguintes: chega aqui, na Câmara Municipal, e a Procuradoria desta Casa tem 15
dias para dar parecer. Ela deu parecer, considerado inclusive inconstitucional
na assembléia que fizemos no outro plenário. Apesar disso, foi encaminhado para
a CCJ. E, lá, o Ver. Professor Garcia, Líder do Governo, segurou o Projeto;
pediu vista, e segurou o Projeto.
Portanto,
o Projeto não tramitou para outras Comissões, exatamente porque um Vereador tem
essa prerrogativa de pedir vista; ele é o Líder do Governo aqui. O Marco talvez
não soubesse, e agora passa a saber então. (Palmas.) Quando isso acontece, para
nós é óbvio - e o Governo tem essa prerrogativa também - que ele não quer votar
naquele momento o Projeto.
Por
termos conversado e pressionado, aqui da tribuna, todo o santo dia, toda a
semana, agora o Projeto foi novamente colocado em tramitação na CCJ – Comissão
de Constituição e Justiça –, em que o Relator foi o Ver. Nereu D’Avila, que deu
o seguinte Parecer (Lê.): “Comissão de Constituição e Justiça. Parecer n°
429/08 ao PLE n° 018/08, Emendas de n° 01 a 13. Dispõe sobre a criação e
organização, no âmbito do Município de Porto Alegre, do Departamento do
Programa de Saúde da Família – DPSF –, e dá outras providências. Vem a esta
Comissão, para parecer, o Projeto em epígrafe, de autoria do Executivo
Municipal, e as Emendas de n° 01 a 13, de autoria do Ver. Aldacir Oliboni. O
Projeto de Lei foi apregoado pela Mesa em 31 de março de 2008. Na análise do
Projeto, verifica-se que, nos termos da Constituição da República, é da
competência dos Municípios se auto-organizarem e prestarem seus serviços,
legislando sobre matérias de interesse local, nos termos do art. 30, incisos I
e V. A Lei Orgânica do Município de Porto Alegre encontra-se adequada aos preceitos
constitucionais de competência, declarando a atribuição do Município de se
organizar, prestar e promover os serviços públicos de interesse local, segundo
os artigos 8°, inciso III, e 9°, inciso II. Ainda, declara a competência
privativa do Chefe do Poder Executivo para iniciativa de leis que disponham
sobre criação e provimento de cargos e funções, bem como regime jurídico de
servidores públicos, e para criação e estruturação de órgãos da Administração
Pública. Acrescente-se a este exame, as razões contidas no brilhante Parecer da
Assessoria Especial de Assuntos Legislativos e Institucionais da
Procuradoria-Geral do Município, que faz parte dos autos. Assim, verifica-se
que a Proposição sob análise insere-se no âmbito de competência municipal, não
havendo óbice de natureza jurídica à tramitação da matéria. Diante do acima
exposto, opino pela inexistência de óbice de natureza jurídica para a
tramitação do Projeto e pela existência de óbice de natureza jurídica para a
tramitação das Emendas de nºs 01 a 13. Sala Ruy Cirne Lima, 12 de novembro de
2008. Ver. Nereu D’Avila”.
Esse Parecer foi aprovado e diz-se pela aprovação
do Projeto e pela existência de óbice às Emendas. Cabe ao autor das Emendas
contestar as Emendas; este Vereador era o autor das Emendas e já está
contestando. Uma vez o Vereador-autor contestando, conforme o Parecer da
Diretoria Legislativa, que acabam de me passar aqui, vem tudo ao Plenário, vem
o Projeto e vêm as Emendas.
Portanto, cabe agora ao segmento, à categoria, aos
agentes discutirem com o Governo não só o Projeto - o Projeto foi aprovado pela
Comissão de Constituição e Justiça -, mas principalmente pelas Emendas, que uma
delas é a questão do limitador das idades. Tenho certeza de que o Governo vai
concordar em aprovar algumas Emendas para melhorar o Projeto. Por esta razão,
quero dizer que tenho certeza absoluta de que, a partir de segunda-feira,
passaremos a ter, mais uma vez, reuniões constantes com o Governo, porque, até
o dia 08 de dezembro – e o compromisso está aqui assumido, e assumo inclusive
em nome da Presidência desta Casa, pelo fato de o Ver. Sebastião Melo também
ter vindo aqui e dito que o que nós definíssemos aqui ele assumiria conosco –,
até o dia 08, não só reforçaremos o Pedido de Urgência urgentíssima do Projeto,
como também estaremos encaminhando um documento oficial da Câmara para que o
Governo receba os agentes e a Comissão juntamente com uma Comissão Externa
acompanhada pelas entidades e pelos Vereadores que quiserem fazer parte e, num
período de 15 a 20 dias, estaremos com vocês aqui todos novamente para votar o
Projeto de Lei. (Palmas.)
O Sr. James Martins está com a palavra,
representando a Secretaria da Saúde.
O SR. JAMES MARTINS: Eu acho que
vamos acabar esta Reunião com algumas coisas definidas. Parece-me que agora a
Câmara é soberana no processo, vai solicitar a urgência. O Governo, através da sua Liderança, vai-se
manifestar, e eu vou, já amanhã, na primeira hora, conversar com o Governo, com
o Prefeito, com os representantes. Eu acho que o encaminhamento está feito. Nós
temos um prazo definido. A Câmara vai pedir a urgência, e nós deveremos, Ver.
Aldacir Oliboni, de acordo com o seu relato todo e a sua exposição, resolver
essa situação rapidamente, segundo eu estou entendendo, e a Câmara apreciará a
matéria dentro desse prazo que ficou estabelecido.
Só
quero dizer que vou me empenhar ao máximo para fazer com que isso, a partir de
segunda-feira, aconteça, e nós possamos, então, ter um desfecho em cima das
ansiedades, enfim, de todos os problemas que nós ouvimos aqui hoje, e, com
certeza, nós temos grande interesse de resolver.
O
SR. MARCO BERNARDES: Vereador,
alguém da Plenária pediu para V. Exª esclarecer o que era óbice.
O
SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Pessoal,
queremos agradecer a presença de todos vocês. Sabemos do sacrifício que os
senhores e as senhoras fizeram para ficar aqui até este momento, e nós vamos
estar vigilantes para que esse Projeto seja aprovado no próximo mês. A Mesa, a
Câmara, e eu, como Presidente neste momento, quero dizer claramente: se surgir
qualquer problema, voltaremos a chamá-los, através da Presidenta do Sindicato,
Srª Cirlete, para que se apresentem aqui novas alternativas e para que esse
Projeto seja resolvido neste ano.
A
Verª Sofia Cavedon está com a palavra.
A
SRA. SOFIA CAVEDON: Acho
que é importante explicar para vocês que o Ver. Aldacir Oliboni está sendo
modesto. O Parecer do Ver. Nereu D’Avila, que é da base do Governo, diz que o
Projeto do Governo é constitucional, é legal, mas as 13 Emendas do Vereador não
são constitucionais! Para vocês verem como eles votam e se posicionam aqui. É
ou não é, Ver. Aldacir Oliboni? E, se o Projeto é constitucional, como é que as
Emendas não vão ser? Ainda mais que, na questão da idade, até o Governo
reconhece que errou. Então, é posicionamento político puro, de não aceitar uma
contribuição da oposição. É bom vocês saberem disso. Eu quis fazer um
esclarecimento. Parabéns, Ver. Aldacir Oliboni, pelas propostas. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Para
finalizar, queremos dizer que, no dia da votação, é de fundamental importância
que as senhoras e os senhores estejam aqui, para conversar com cada Vereador,
explicar o que é o Programa de Saúde da Família, porque a gente percebe que é
preciso fazer certas coisas que muitos ainda não sabem. Uma boa-noite, muito
obrigado e que Deus acompanhe vocês! (Palmas.)
(Encerra-se
a Audiência Pública às 21h29min.)
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